quarta-feira, 30 de março de 2011

Aumenta número de cancelamentos de escalas

Estudo do Centronave aponta 850 cancelamentos em 2010.


Os portos do Brasil registraram mais de 850 cancelamentos de escalas de navios em 2010. Segundo o Centronave - entidade que representa as principais empresas de navegação em operação no País no segmento de contêineres - o número aponta quase o dobro de cancelamentos em relação ao total de 2009, quando registrou 457 desistências.

De acordo com a entidade, a situação é causada pelo incremento do tempo de espera para atracação e embarque de porta-contêineres nos 17 principais terminais brasileiros. O tempo de espera tem aumentado significativamente em função da falta de investimentos em infraestrutura, sobretudo novos terminais e berços de atracação.

Os cancelamentos de escalas geram prejuízos incalculáveis tanto para armadores como para os exportadores e importadores, que ficam impossibilitados de cumprir seus embarques nos prazos estipulados. O Centronave tem alertado as autoridades para a necessidade de ampliar os investimentos na infraestrutura portuária, sob o risco de o país sofrer um colapso logístico.

"À medida em que o país se desenvolve e precisa ganhar competitividade, esses gargalos ficam mais evidentes. É preciso agir, e rápido", alerta o diretor-executivo do Centronave, Elias Gedeon.

De acordo com o levantamento da entidade, o total de atrasos nas operações de embarques e desembarques em 2010, ocasionados pelo congestionamento nos terminais, alcançou 4 mil dias - computando todas as horas que os navios das empresas de navegação associadas foram obrigados a aguardar ao longo do ano. Somente em Santos, os sobrecustos causados pelos atrasos em 2010 podem ter chegado a US$ 95 milhões ao ano - pressionando o chamado "custo-Brasil".

O gargalo tende a aumentar na mesma proporção em que a demanda do comércio exterior se expande com a gradual retomada da economia mundial. Nos últimos dez anos, o volume de contêineres movimentado nos terminais de Santos avançou 215%, enquanto houve aumento de apenas 6% no comprimento dos berços de atracação e de 49% na área alfandegada - o que explica o aumento nos congestionamentos.

Dados do Ipea indicam que o país precisaria investir cerca de R$ 40 bilhões em uma década para eliminar os gargalos portuários. Hoje, o país investe uma parcela ínfima em portos do total que é destinado à infraestrutura. Esse total é de apenas 0,9% do PIB, enquanto outros países em desenvolvimento chegam a investir 5%.

Fonte: Guia Maritimo
30/03/2011

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