Depois da identificação de uma série de casos de comida e água contendo materiais radioativos numa área maior do que a atingida pelo recente vazamento no complexo nuclear de Fukushima - consequência dos recentes terremotos e tsunami - o governo ordenou ontem que as províncias de Fukushima, Ibaraki, Tochigi e Gunma suspendam os embarques de produtos agrícolas. A radiação superou os limites permitidos em alguns produtos. O país também proibiu as vendas de leite produzido em Fukushima. Suspeita-se que a usina nuclear Tokyo Electric Power, em Dai-ichi, seja a fonte das contaminações.
Segundo o secretário-chefe de gabinete, Yukio Edano, "especialistas concordam que consumir esses alimentos em algumas ocasiões não causa impacto na saúde do ser humano. Portanto, pedimos às pessoas que respondam calmamente, sem reação excessiva [ao alerta do governo]". Ele explicou que "se pode consumir os produtos já distribuídos e não haverá impacto adverso na saúde".
Alimentos contaminados já chegaram a Tóquio. Foram detectados níveis acima do padrão de iodina-131 no vegetal folhoso shungiku, ou garland chrysanthemum, vendido na capital. A província de Fukushima também emitiu alerta ontem para os níveis elevados de radiação na água encanada. Moradores do vilarejo de Iitatemura, em Fukushima, foram recomendados a não beber a água encanada, por precaução. Foi encontrado mais de três vezes o nível máximo recomendável de iodina na água potável.
O governo encontrou água contaminada em outras nove províncias japonesas ontem. Um porta-voz esclareceu que a radiação não pode ser filtrada ou tratada, permanecendo na água mesmo depois de qualquer tratamento convencional. "A grande questão é que a quantidade não representa risco imediato à saúde", declarou uma autoridade do ministério da saúde, ponderando que o risco maior está em consumir água contaminada durante um período prolongado. Um nível elevado de radioatividade foi detectado ontem em leite coletado em quatro locais de Fukushima, além de uma amostra de espinafre de Ibaraki. O governo decidiu restringir as vendas, temendo que a contaminação perdure por um longo tempo e ameace a saúde humana.
O Japão não é um grande exportador agrícola, o que leva a crer que a contaminação continuará sendo uma questão interna. Maior parceira comercial do Japão, a China importou apenas US$ 593 milhões em produtos agrícolas japoneses no ano passado.
Fonte: Diário do Comércio e Indústria
22/03/2011
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