O Banco do Japão (BoJ) já começou a agir para estabilizar as bolsas e o sistema bancário após o terremoto que atingiu o país na sexta-feira. Hoje, na abertura do mercado japonês, autoridades do banco central se reuniram para coordenar operações de aumento de liquidez. De acordo com Masaaki Shirakawa, presidente do BoJ, está previsto que o BC coloque recursos da ordem de 2 a 3 trilhões de ienes (entre US$ 24,4 bilhões e US$ 36,6 bilhões) - duas a três vezes o valor normal - para acalmar os mercados financeiros e impedir que os juros de curto prazo disparem.
"Vamos monitorar as condições de mercado e planejamos dar aos mercados muita liquidez assim que o dia começar amanhã," disse Shirakawa a repórteres depois de participar de uma reunião com ministros para discutir a economia ontem.
Shirakawa também disse que o banco central avalia cuidadosamente o impacto econômico do terremoto. As autoridades monetárias se reuniram hoje pela manhã no Japão para rever a taxa de juros do país. "É muito importante garantir um sistema estável de liquidação e dar bastante liquidez aos mercados," disse ele.
Até o fechamento desta edição, era esperado que o Banco do Japão mantivesse a taxa de juros entre zero e 0,1%. O BC, contudo, deveria abrir a opção de relaxar ainda mais a política monetária caso os danos do terremoto ameacem as possibilidades de o Japão retomar o crescimento econômico moderado que enfrentava.
Shirakawa acrescentou que o Banco do Japão fará o possível para se assegurar que cortes de energia elétrica não afetem o sistema financeiro nacional.
A Agência de Serviços Financeiros também está monitorando os mercados para impedir transações impróprias ou ilegais depois do terremoto, acrescentando que os mercados financeiros de Tóquio operariam normalmente hoje.
Parlamentares japoneses esperam que gastos fiscais moderados e uma política monetária ultra relaxada possam minimizar os danos do terremoto e do tsunami a uma economia que apenas começava a se recuperar.
Os partidos de oposição e de governo já declararam uma trégua para permitir que o governo se concentre na reconstrução do país depois do terremoto que atingiu 8.9 na escala Richter. O desastre causou o que pode se tornar o pior desastre nuclear dos últimos 25 anos e um racionamento de energia em consequência.
Seguradoras
O terremoto que atingiu o Japão na sexta-feira pode levar a perdas com seguro da ordem de US$ 35 bilhões, segundo informou ontem a companhia especializada em avaliação de desastres AIR Worldwide. O valor representa praticamente a perda com catástrofes de toda a indústria de seguro global em 2010 e pode levar a uma alta nos preços do mercado de seguros após anos de queda.
A AIR disse que estima o prejuízo entre US$ 14,5 bilhões e US$ 34,6 bilhões. O cálculo é baseado no intervalo de 1,2 trilhão a 2,8 trilhões de ienes, convertidos com o dólar cotado a 81,85 ienes.
A empresa alertou que a estimativa é preliminar e que não considera prejuízos do acidente nuclear. No teto do intervalo, este terremoto será de longo o mais caro na história moderna em termos de perdas com seguro. De todas as catástrofes desde 1970, ajustadas pela inflação, este será o segundo evento mais caro, atrás do Furacão Katrina.
Fonte: Diário do Comércio e Indústria
14/03/2011
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