Hamburg Süd aponta deficiências na cadeia logística do complexo portuário.
O Porto de Santos tem a pior média de dwell time (tempo gasto por um contêiner de importação em um terminal alfandegado) em comparação com outros portos do mundo. De acordo com o diretor-superintendente da Hamburg Süd, Julian Thomas, um recipiente descarregado no complexo santista demora em média 11 dias para ser retirado do terminal, em comparação com a média de dois ou três dias em outros portos do mundo. "Mesmo em países como Europa e Rússia, que sofrem com condições desfavoráveis para a logística no inverno, o dwell time é menor", atesta o executivo.
Segundo dados apresentados por Thomas, o dwell time ponderado mais que dobrou nos últimos dez anos, explicitando a necessidade de uma área maior para abarcar o aumento da demanda em Santos, que cresceu nove vezes mais do que a oferta de capacidade. "Os terminais foram tomados de surpresa pela recuperação dos volumes no ano passado, ninguém esperava o boom que se sucedeu. Isso com certeza fez perceber que deve-se maximizar a quantidade de tempo que o contêiner fica armazenado", aponta.
De acordo com o executivo, o Porto de Santos está cada vez mais se tornando um porto importador. "Existe uma falta de equilíbrio na quantidade de tipos de contêiner. O potencial da interiorização de carga e corte de custos precisa ser explorado", opina.
Os terminais da Embraport e da BTP (Brasil Terminal Portuário) estão em construção e devem aumentar em 50% a capacidade do Porto de Santos de operar contêineres. Entretanto, estas instalações ainda estão em obras e só estarão disponíveis para iniciar operações em dois anos. De acordo com o diretor da Hamburg Süd, a conscientização do mercado sobre a necessidade de agilizar os trâmites logísticos é a uma das principais maneiras de reduzir custos e otimizar a capacidade de movimentação de contêineres no porto.
"Todos os players precisam ficar de olho nesse desenvolvimento porque é a solução viável para esse problema no curto prazo. Gargalos como as vias de acesso ao porto vão ficar cada vez mais congestionados. A ferrovia vai ainda levar alguns anos para suprir a demanda em termos de contêiner", ressalta.
Justamente levando em consideração uma parte destes gargalos portuários - no que diz respeito à baixa profundidade dos portos do Brasil -, a Hamburg Süd construiu navios especialmente desenhados para atuar nos mercados da América do Sul. "São desenhos especiais de calado baixo. Aumentamos a boca do navio para aumentar a capacidade de carregar a baixo calado. Os primeiros navios de 7.100 Teus entraram agora e todos estarão em operação no início do próximo ano. Esperamos aumentar as movimentações em torno de 10%", estima o executivo.
De acordo com Thomas, o aumento no tamanho dos navios é uma relação entre economia de escalas e suprir a demanda do mercado crescente. "Precisamos de navios maiores para atender o crescimento real e o esperado do mercado, então temos que planejar muito tempo à frente para antecipar o crescimento e não faltar capacidade de transporte".
A falta de infraestrutura e a ocorrência de percalços logísticos que atrasam as operações aumentam em cerca de 40% os custos operacionais dos armadores e embarcadores em Santos. Somente em 2010, estes custos adicionais chegaram até a estimativa de US$ 18 milhões. "Não saímos do Porto de Santos porque consideramos nossa casa. O Brasil é uma história de sucesso, e os custos são o preço deste sucesso. Nenhum destes problemas vai nos deixar de operar aqui", conclui.
Novas embarcações
O armador fechou no início desta semana uma encomenda de seis porta-contêineres - avaliados em um total de US$ 710, 5 milhões - com capacidade nominal para 9.600 Teus (unidade equivalente a um recipiente de 20 pés), com a Hyundai Heavy Industries, da Coréia do Sul. O acordo também prevê opção para mais quatro embarcações para a mesma classe de porta-contêiner.
"Confirmamos a compra de mais seis navios de quase 10 mil Teus e eles certamente virão para o Brasil no futuro", afirmou Thomas. Segundo o executivo, a nova classe ainda não possui nome definido.
Em declaração oficial, a Hyundai afirmou que os navios serão entregues entre maio de 2013 a janeiro de 2014. As unidades foram desenhadas para carregar contêineres maiores do que os equipamentos convencionais e carregar 1.700 Teus refrigerados - 1.000 a mais do que as embarcações de modelos similares.
Fonte: Guia Maritimo.
24/03/2011
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