A tragédia do Japão pode trazer bons frutos para companhias brasileiras. É o caso da Usiminas, que tem como sócia a siderúrgica japonesa Nippon Steel. De acordo com especialistas, as plantas da empresa japonesa foram danificadas pelo terremoto e com isso foi realizada uma demanda maior para a companhia brasileira para a reconstrução que ocorrerá no Japão.
"O setor de mineração e o siderúrgico podem ser mais afetados no Brasil, exceto a Usiminas, que tem uma sócia japonesa. Com o ocorrido, as ações da companhia subiram nos últimos dias", explica Leandro Ruschel, analista e diretor da Leandro & Stromer.
No ano, as ações PNA da Usiminas apresentam valorização de 10,07%, enquanto suas principais concorrentes a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) e a Gerdau registram retração em seus papéis, com quedas de 2,62% e 6,04%, respectivamente. Em 2011, o Ibovespa, principal indicador da Bolsa de Valores, Mercadorias e Futuros (BM&F Bovespa) registra queda de 2,99%.
"O Japão tem um mercado muito importante e isso afeta o mercado em geral e o câmbio. O Brasil não sofreu tanto, quem sofreu mais foi o mercado asiático. Nem Estados Unidos e Europa sofreram tanto", acrescenta Ruschel, dizendo ainda que, no longo prazo, será difícil saber se o terremoto vai ser positivo ou negativo para a economia brasileira.
Apesar das perdas bilionárias das seguradoras japonesas, o especialista afirma que não houve efeito manada, ou seja, quando os investidores estrangeiros retiram recursos de setores por conta de algum acontecimento. "Não vi nenhuma movimentação negativa com as ações das seguradoras brasileiras", pondera Ruschel. Durante a crise o efeito manada foi visto muito em ações de bancos. Quando um banco norte-americano ou europeu quebrava, todas as ações dos bancos pelo mundo caíam.
Para 2010, Ruschel acredita que o Ibovespa deve permanecer perto da estabilidade. "O mercado está parado, chamamos de congestionado. Para o lado que o Brasil se movimentar ficará mais claro seu rumo. A Bolsa brasileira está mais para o lado caro, ou seja, chegar aos 73 mil pontos, do que para o lado barato [cair para os 57 mil pontos]", acredita Ruschel.
O especialista diz ainda que o mercado acionário brasileiro vem passando por um momento de reacomodação dos ativos. "O mercado trabalha em ciclos: com isso, a Bolsa fez sua máxima aos 73.900 pontos em 2008; em seguida, com a crise financeira internacional, houve uma correção que fez a Bolsa cair para os 30 mil pontos", diz Ruschel. "Estamos aos 67 mil pontos. O Brasil sobrevalorizou, que é um passo natural para a grandeza da economia brasileira", afirma.
Emissão de ações
A Gerdau anunciou ontem intenção de realizar uma oferta global de ações primária (novos papéis) e secundária (dos acionistas), incluindo esforços de colocação no exterior e simultaneamente a distribuição pública de ações preferenciais sob a forma de American Depositary Shares (ADS).
O valor da oferta primária será entre R$ 3,8 bilhões e R$ 4,2 bilhões. Já os recursos da oferta secundária serão utilizados pelos acionistas controladores da Gerdau para exercer seu direto de prioridade na oferta primária. Na oferta secundária as ações são de titularidade dos acionistas Metalúrgica Gerdau S.A. e Gerdau BG Participações S.A.
A oferta, a ser registrada na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e na SEC (Securities and Exchange Commission), dos Estados Unidos, depende de aprovação do conselho de administração da companhia e das condições dos mercados de capitais nacional e internacional, conforme o comunicado. Os recursos serão utilizados para o programa de investimentos e reforço da estrutura de capital da Gerdau.
Os investidores não gostaram muito da notícia de uma emissão de ações da Gerdau, que diluiria a participação dos acionistas. Por conta disso, as ações preferenciais da companhia encerraram com a maior queda do principal indicador do mercado acionário brasileiro, com retração de 4,93%.
O Ibovespa encerrou ontem em queda de 0,28%, aos 66.689 pontos. O giro financeiro foi de R$ 9 bilhões, dos quais R$ 2,3 bilhões referentes ao exercício de opções.
Fonte: Diário do Comércio e Indústria
22/03/2011
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