O impacto da tragédia no Japão sobre o comércio agrícola com o Brasil não deve ser significativo, de acordo com analistas do setor consultados.
Se no curto prazo o ritmo de importação de commodities pode ser afetado pela interrupção de atividades relacionadas à agropecuária, no médio e longo prazos os esforços de reconstrução poderão elevar as compras externas do país. Amaryllis Romano, analista da Tendências Consultoria, acredita que os efeitos negativos imediatos são marginais.
Romano lembra que, embora pequeno, o país tem um setor produtivo de carnes que deve ter sido prejudicado pelo terremoto, seguido de tsunami. "Pode haver um problema conjuntural neste momento, mas depois o país pode ter de elevar suas importações", afirmou.
Em 2010, o Brasil vendeu US$ 2,37 bilhões em produtos agrícolas para o Japão, aumento de 32,6% sobre US$ 1,78 bilhão apurados em 2009. O principal item da pauta é a carne de frango, com US$ 932 milhões vendidos ao mercado japonês, aumento de 44,5% sobre os US$ 645,5 milhões em 2009. As vendas foram de 393 mil toneladas, ante 314 mil t em 2009. De acordo com o presidente executivo da União Brasileira de Avicultura (Ubabef), Francisco Turra, a expectativa é de manutenção das vendas para o país. "Até agora, não houve pedido de revisão de contratos", disse.
O segundo item na pauta de comércio nipo-brasileira é o café, com receita de US$ 436 milhões (+27%) em 2010. O comércio bilateral do grão não deve ser prejudicado. Embora a catástrofe tenha arrasado portos, aeroportos e cidades na costa nordeste japonesa, o país continuará capaz de importar produtos alimentícios, na avaliação de analistas. De acordo com a Interagrícola (Eisa), exportadora de café de Santos (SP), tem sido normal o desembarque do produto no Japão. No caso do suco de laranja, o terremoto não afetou o terminal portuário da indústria brasileira naquele país.
Aedson Pereira, da Informa Economics FNP, também não vê entraves "O ritmo das compras não diminuiu, os pedidos continuam. Os meses de janeiro e fevereiro foram os maiores volumes já embarcados de carne de frango para o período para o setor, e o Japão foi um dos que mais compraram. Por mais que tenha ocorrido o desastre, acreditava-se que daria um entrave, mas não foi o que ocorreu", afirmou. Wanderley Nascimento da Costa, analista da Cimpex Comércio de Cereais, acredita na manutenção das vendas do país para o mercado japonês, maior importador mundial de milho.
Fonte: Diário do Comércio e Indústria
17/03/2011
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