segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

"Choveu. Porto parou"

O título desta coluna faz homenagem a uma manchete recorrente nos jornais santistas nos anos 60/70 e mesmo depois do advento da conteinerização. É que, por qualquer ameaça de chuva, os porões dos navios precisavam ser fechados ou pelo menos cobertos para não estragar a carga, e também, se ocorresse uma chuva mais forte, os caminhos ficavam intransitáveis, a carga não chegava ao Porto. Ficavam? Neste final de semana, a mais moderna estrada brasileira, com pedágio talvez também o mais alto, destinado à sua conservação por uma empresa concessionária, teve de ser interditada... por causa das chuvas. Verdade que não foi coisa pequena, um mês de chuva desabou em uma hora. Mas, e todo o trabalho de conservação das encostas da Serra do Mar, no entorno da rodovia? Foto: Agência Estado Deslizamento interrompeu tráfego e matou uma mulher Quase paralela, a Via Anchieta também sofreu com os deslizamentos de terra, ficou fechada parcial ou totalmente, de forma que durante bom tempo milhares de pessoas ficaram impossibilitadas de transitar entre a principal capital brasileira e o principal porto marítimo nacional. Foram as chuvas, certo. Não houve falha na conservação dessas rodovias, talvez. Mas, e o que dizer da Rodovia Padre Manoel da Nóbrega (SP-55), que mesmo sem chuvas já apresentava congestionamento total entre Cubatão e Guarujá, dias antes? OK, o governo paulista iniciou há dois meses as obras de duplicação... suplicadas há pelo menos duas décadas! Voltando ao "sistema" Anchieta-Imigrantes: há mais de quinze anos a imprensa mancheteia o caos - que antes se formava ali só no período das safras, e agora já ocorre em qualquer época. Existem planos... e daí? A economia nacional é afetada pelo estrangulamento no acesso ao Porto, Santos vem ano após ano perdendo cargas para outros terminais... E o mais grave, as cidades da Baixada Santista estão ficando ilhadas pelos congestionamentos, como já alertamos inúmeras vezes. Agora mesmo, as equipes da Defesa Civil na região registram grande dificuldade em chegar aos locais devastados por deslizamentos e inundações, porque as rodovias congestionadas prejudicam até mesmo o tráfego urbano e metropolitano. A salvação vem por helicóptero. A ferrovia não escapa das críticas. Sucateada principalmente na década de 80 pelo lobby rodoviarista, continua muito aquém de suas demandas, e nem serve mais como alternativa de transporte de passageiros. Também se acabou com o transporte hidroviário intrametropolitano (certo "conglomerado" de empresas de ônibus agradece, sensibilizada, a gentileza das autoridades). Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), depois de década e meia sai do papel, mas ainda há longo caminho a percorrer até que se torne realidade. Ligação Santos-Guarujá, planejada em 1927, ainda não se sabe se será (?) feita debaixo da terra e do mar (túnel) ou pela maquete de ponte do governador candidato a presidente. Faltava a cereja no bolo. Não falta mais. Ela é representada por uma cena cada vez mais comum: bandidos fazendo arrastão em plena rodovia congestionada, assaltando motoristas em fila indiana e dando tchauzinho para as câmeras ditas "de segurança"... Pobre país, que nem depois das catástrofes se mexe para evitar que se repitam! * Carlos Pimentel Mendes é jornalista e edita o site Novo Milênio (www.novomilenio.inf.br) Fonte: portogente.com.br Por: Carlos Pimentel Mendes *

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