quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013
Limite de consumo do mercado interno gera debate
As vendas do comércio destoaram dos demais setores da economia e do baixo crescimento de 2012: cresceram 8,4% em 2012, segundo o IBGE, impulsionados pelo aquecimento do mercado interno brasileiro que, no entanto, "chegou ao seu limite". É o que acredita o economista Samy Dana, professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV/SP).
“O mercado veio desde 2008 num aquecimento incentivado pelas políticas públicas, sobretudo no inicio de 2008, mas agora chegou perto do estrangulamento. O país resolveu o problema da demanda do mercado, mas agora precisa resolver o da oferta: há dificuldade de produção, os desafios são tributários e de infra-estrutura também”, analisou.
Já para o também economista Fernando Sarti, diretor do Instituto de Economia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), ainda há espaço para o mercado interno crescer, elevando ainda mais o comércio varejista nacional.
"São vários os motivos: o nível de endividamento das famílias ainda é baixo, não há sinais importantes de crescimento da inadimplência, o emprego permanece crescendo junto com a massa salarial. Além disso, 2013 terá um crescimento maior e portanto um efeito multiplicador", analisa. Para ele, o consumo deverá se estabilizar nos setores de bens de consumo duráveis (automóveis, linha branca, informática), mas seguirá crescendo nos setores mais tradicionais.
De acordo com o IBGE, em termos de receita nominal, houve crescimento de 0,2% do comércio. Em comparação com o mesmo mês de 2011, a alta foi de 5%. Os dados já consideram o ajuste sazonal.
Inflação
Para o economista da FGV, há um desequilíbrio na economia nacional, com o PIB (Produto Interno Bruto) crescendo muito pouco – cerca de 1% em 2012 – e a inflação em alta: na segunda prévia do IGP-M de fevereiro a inflação subiu 0,34%, a mesma variação da taxa na segunda prévia de janeiro.
“Este aumento dos preços, no Brasil, não é apenas pelo consumo elevado, mas por um mercado de pouca competição, dominado por oligopólios e não por uma questão de equilíbrio de mercado”, afirma. Um bom exemplo desta contradição são as altas margens de lucro das empresas automobilísticas.
“O carro no Brasil é um dos mais caros do mundo. Isso se deve em parte ao Custo Brasil, mas também em parte pelo ‘Lucro Brasil’. Como este setor tem pouca competitividade, os preços sobem muito”, afirma.
Juros
Sarti acrescenta que um possível aumento na taxa básica de juros para controlar a inflação - como insinuou o ministro da Fazenda, Guido Mantega - não seria positivo para a economia.
"Eu, particularmente, não acredito que elevação de juros provoque impacto sobre os preços, ela subirá independentemente dos juro. Além disso, elevar os juros ajudaria a valorizar o real, o que seria bastante negativo para a conta corrente e para as decisões de investimento nesse momento", explica.
Fonte: Jornal do Brasil
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