Estoques das montadoras voltam a subir

Com a produção em alta e as vendas em queda, os estoques de veículos voltaram a ficar acima do normal. Ontem, a Anfavea - a entidade que representa as montadoras instaladas no país - informou que o número de veículos parados na indústria e em revendas alcançou 310,3 mil unidades em fevereiro, o equivalente a 39 dias de venda. Em janeiro, o giro dos estoques estava em 29 dias, com o volume em 297,4 mil veículos. O setor costuma manter seus estoques mais próximos a um giro de 30 dias, o que seria um nível mais saudável financeiramente. Mas o presidente da Anfavea, Cledorvino Belini, afirmou que não está preocupado com isso porque a tendência é de recuperação das vendas. Segundo ele, os estoques subiram por conta da queda na média diária de vendas em fevereiro, que serve de base para o cálculo do giro. De janeiro para fevereiro, o ritmo nos emplacamentos diários de veículos caiu de 14,2 mil para pouco mais de 13 mil unidades. No ano passado, as montadoras começaram a pedir incentivos ao governo depois de os estoques alcançarem 43 dias em abril. Mas Belini considerou que, agora, a situação é diferente, já que a tendência do mercado ainda é de alta, enquanto que no ano passado as vendas mostravam trajetória de baixa. Para justificar que o nível dos estoques é "absolutamente normal", o executivo disse que se fosse considerada a média diária de vendas do primeiro bimestre - 13,7 mil veículos -, o giro na rede de concessionárias estaria em 18 dias, e não em 31 dias como mostraram as estatísticas de fevereiro. Segundo o balanço divulgado ontem pela Anfavea, a produção de veículos subiu 5,2%, enquanto as vendas cederam 5,8% em fevereiro, comparativamente a igual mês do ano passado. Só os emplacamentos de carros e comerciais leves somaram 222,7 mil unidades no mês passado, 25,1% abaixo de janeiro e no pior desempenho em três anos. Belini disse que o Carnaval atrapalhou o mercado no mês passado, mas espera uma melhora da média diária de vendas já neste mês. A expectativa é de maior movimento nas concessionárias, dado que a alíquota do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) volta a subir em abril - na sequência da retirada nos descontos do tributo iniciada pelo governo em janeiro. "Por isso tem aquele ditado de que no Brasil tudo começa depois do Carnaval. Esperamos que agora, em março, comece para valer", afirmou Belini, durante a apresentação dos resultados à imprensa. A Anfavea manteve previsões que apontam para uma alta de 3,5% a 4,5% das vendas e de 4,5% da produção neste ano. As metas estão ancoradas na aderência do setor ao crescimento da economia e também no impacto da redução dos juros sobre o consumo. Fonte: Valor Econômico - SP Por: Eduardo Laguna