segunda-feira, 25 de março de 2013

Turista no Brasil sofre

O turismo responde por 9% do Produto Interno Bruto mundial, algo em torno de US$ 6 trilhões, e gera 245 milhões de empregos diretos e indiretos. Diante desses números, a competitividade nesse setor não deveria ser tratada como algo desimportante, ainda mais num país como o Brasil, com seu enorme potencial turístico. No entanto, assim como em outras áreas da administração federal submetidas a interesses partidários e fisiológicos, o turismo apresenta resultados decepcionantes. O último relatório do Fórum Econômico Mundial sobre a competitividade turística mostra que o Brasil subiu apenas uma posição e ainda se encontra em um distante 51.º lugar, entre 142 países. É apenas o sétimo colocado nas Américas, atrás até mesmo do Panamá. Além dos problemas do Ministério do Turismo, é precária a estrutura voltada para o turista. A pesquisa mostra que os principais entraves para tornar o Brasil mais atraente para os viajantes - estrangeiros ou locais - são o precário sistema de transportes e os preços altos. "A rede de transportes permanece subdesenvolvida", nota o relatório, colocando o Brasil numa vergonhosa 129.ª posição nesse quesito. A qualidade das estradas, dos portos e aeroportos e das ferrovias "requer melhorias para acompanhar o desenvolvimento econômico do País". Os autores do estudo acreditam que a realização da Copa do Mundo, em 2014, e da Olimpíada, em 2016, oferece uma "oportunidade para superar essas deficiências de infraestrutura", mas essa conclusão, a julgar pelos resultados pífios dos investimentos na área, parece ter sido apenas uma cortesia dos pesquisadores. Em relação aos custos para os turistas, o relatório do Fórum destaca os preços altos das passagens aéreas e das taxas aeroportuárias, "assim como a alta dos preços em geral". Nesse quesito, o Brasil aparece em 126.º lugar - entre os subitens destacam-se os altos impostos em geral (140.º lugar) e os preços das acomodações (72.º) e dos combustíveis (77.º). O País também está entre os últimos (119.º lugar) no que diz respeito à excessiva burocracia para o setor de viagens e turismo, tanto para os viajantes como para as empresas do setor. Há ainda a questão da crônica falta de segurança, que faz a má fama do País e tradicionalmente afugenta muitos turistas. Nesse item, o Brasil aparece em 73.º lugar, e o relatório destaca o alto custo desse problema também para o ambiente de negócios. O relatório afirma que o Brasil não prioriza o turismo - está em 102.º lugar nesse quesito. É apenas o 83.º em gastos do governo para incentivar as viagens e o 102.º em marketing para apresentar-se aos turistas como um destino em potencial. A falta de atenção ao setor se traduz na sistemática falta de informações para os estrangeiros logo que eles chegam aos grandes centros brasileiros e se deparam com orientações apenas em português, quando elas existem. Além disso, o Ministério do Turismo é tratado como uma das pastas que podem ser usadas nas barganhas que o governo faz para angariar apoio político. Em 2011, o então ministro, Pedro Novais, cuja única qualidade para ocupar o cargo era ser filiado ao PMDB, teve de se demitir depois de uma série de escândalos. Uma devassa resultou na prisão de 36 pessoas, entre as quais 8 integrantes do ministério. Não espanta, portanto, que os resultados sejam tão ruins num dos poucos setores da economia global que apresentam crescimento a despeito da crise. Apesar de todos os problemas, o Brasil ainda é um lugar de grande interesse para os estrangeiros, graças às suas características naturais e culturais - e o Fórum Econômico Mundial reconhece o esforço brasileiro para preservar esse tesouro. Segundo o estudo da entidade, o País é o 1.º do mundo em recursos naturais, o 6.º em locais reconhecidos como patrimônio mundial da natureza e o 16.º em locais reconhecidos como patrimônio cultural. Portanto, o Brasil continua "bonito por natureza", mas depende muito mais dos desejos dos estrangeiros de virem conhecer nossas maravilhas do que das condições que o País lhes oferece para atraí-los. Fonte: O Estado de São Paulo - SP

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