quinta-feira, 18 de abril de 2013
BRASIL NO CENTRO DA ESTRATÉGIA DE MULTINACIONAIS
Após uma queda significativa do faturamento no ano passado, o setor de autopeças vive um momento de reformulação. Grandes fabricantes globais estão voltando os olhos para os países do Bric (Brasil, Rússia, Índia e China), com destaque para o Brasil. Renomadas marcas estão com projetos ambiciosos para o País. É o caso das norte-americanas Honeywell e BorgWarner, da italiana Sogefi e das japonesas Dunlop e Aisin, que na busca por mercados em expansão pretendem ampliar a participação nos segmentos em que atuam, no Brasil.
"Nossa empresa tem investido muito nos países do grupo. No Brasil, queremos atender a todas as grandes montadoras", afirma o coordenador de vendas técnicas da Aisin, Ronaldo Jogi Ito. A companhia possui duas plantas no País e tem em seu portfólio centenas de componentes automotivos. No mercado doméstico, a empresa fornece para Toyota - que detém 40% de seu capital -, Honda e General Motors (GM). "A Aisin vai fazer negócios também com as suas concorrentes. Nossa meta é atender às cinco maiores do País, mas não temos restrições a coreanas e chinesas também", afirmou ao DCI o presidente da Aisin, Takeshi Osada.
A companhia faturou globalmente o equivalente a US$ 7 bilhões em 2012. Para este ano, a meta é elevar essa cifra ainda mais, atingindo três vezes a receita obtida em 2009. "Em quatro anos, conseguiremos triplicar o nosso faturamento global", destaca Osada.
No final de 2011, a companhia japonesa fechou contrato com a Honda e, no ano passado, fornecimento para os compactos Etios (Toyota) e Onix (GM). "Nosso foco no Brasil serão os modelos menores, que praticamente não existem no Japão", ressalta Ito. Os executivos sabem do consenso mundial de que o mercado japonês só tende a encolher e, para driblar esse fato, voltarão seus esforços para os Brics. "Estamos nos empenhando para explorar novos clientes", diz Osada.
A Aisin não mede a sua capacidade de produção por conta do imenso portfolio de componentes, mas garante que poderá atender a todas as montadoras que quiserem fazer pedidos. "Estamos preparados", garante Osada.
A italiana Sogefi, fabricante de filtros e molas para suspensão, também tornou o Brasil uma de suas grandes apostas globais. A meta da companhia é dobrar a sua participação no mercado de reposição (chamado aftermarket, considerado um dos mais rentáveis) para veículos pesados, que hoje é de 15%. "Nosso grande foco será o aftermarket das linhas leves e pesadas em toda a América do Sul", afirma o presidente da Sogefi, Eugênio Marianno.
A companhia possui quatro unidades fabris no Brasil e fornece para as maiores montadoras do País. No aftermarket de molas para pesados, a Sogefi possui metade do market share. "Trata-se de um mercado muito difícil de manter. Preservar a participação já é uma vitória", destaca Marianno. No negócio de filtros, a companhia afirma possuir 8% de share no País e quase 7% em molas.
No ano passado, a companhia faturou 1,3 bilhão de euros e projeta crescimento de mercado para 2013. Para os próximos três anos, a Sogefi deve aportar R$ 18 milhões em seus negócios no País. "Temos um plano audacioso para a América Latina", afirma Marianno.
Inovar-Auto
O novo regime automotivo trouxe grandes oportunidades para algumas empresas de autopeças que possuem tecnologias inovadoras, como a fabricante de turbocompressores BorgWarner. Na semana passada, a companhia norte-americana inaugurou a expansão de sua planta no interior de São Paulo, apostando na alta da demanda por turbos com a exigência de maior eficiência energética dos automóveis pelo Inovar-Auto.
"O turbocompressor é o carro-chefe da BorgWarner e acreditamos em uma grande expansão desse mercado no País", afirma o diretor geral da companhia no Brasil, Arnaldo Iezzi Jr. Essa é a mesma crença da compatriota Honeywell, também fabricante de turbos com unidade fabril em Guarulhos (SP). "O Inovar-Auto é uma nova era que deve alimentar o negócio de turbocompressores", afirma o gerente de negócios e engenharia para América do Sul da Honeywell, Christian Streck. A tendência do chamado downsizing - redução do motor e das emissões sem a perda de potência - já é uma realidade em 60% dos automóveis na Europa e deve crescer no Brasil com o Inovar-Auto.
"Devemos voltar a produzir motores turbos no País para veículos de passeio. Já estamos em contato com três montadoras", diz o executivo. Em meados do ano 2000, a Honeywell fabricou turbos para o compacto Gol e, hoje, os modelos Fusca, Jetta e Passat (todos importados de plantas da Volkswagen de outros países), o BMW Série 1 e a S10Diesel(GM) possuem o turbo Honeywell.
A meta da companhia é mais que dobrar a sua capacidade de produção em Guarulhos (base exportadora para a América do Sul) dos atuais 300 mil turbos por ano para cerca de 800 mil unidades até 2017. O aporte deve atingir US$ 10 milhões nos próximos quatro anos. "O Inovar-Auto deve deflagrar um aumento de demanda significativo para o nosso produto", diz Streck. O executivo acredita que a demanda atual por turbos no Brasil, de 500 mil unidades anuais, deve triplicar nos próximos anos. "A adequação ao Inovar-Auto é algo compulsório. Queremos a nossa fatia nesse negócio", ressalta Streck.
A fabricante de pneus Dunlop, do grupo japonês Sumitomo Rubber, também quer conquistar parte desse mercado no Brasil. Para isso, a companhia está investindo R$ 560 milhões em uma fábrica no Paraná para produzir até 15 mil pneus por dia até meados de 2015. "Queremos pelo menos 10% de participação de mercado no País", afirma o gerente de marketing e vendas da companhia, Renato Baroli.
A empresa está de olho tanto no mercado de reposição, considerado mais lucrativo, quanto no original, postura adotada pela maioria das grandes fabricantes globais. "Nesse negócio, precisamos estar presente nas duas pontas", afirma o executivo.
Fonte: Diário do Comércio e Indústria
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