sexta-feira, 19 de abril de 2013

Competitividade e terceirização no Brasil



Todo empresário busca vantagens competitivas frente aos concorrentes. Uma das tendências administrativas adotadas para alcançar maior competitividade foi a sugerida por C.K. Prahalad, falecido em 2010, um doutor em Administração pela famosa universidade americana de Harvard e conselheiro de governo.

Ele afirmava que a competitividade maior dos japoneses em relação aos americanos (na época nem se cogitava falar dos chineses) era devida à estratégia de foco. Isto nada mais era do que fazer apenas aquilo que se conhece bem (o foco) e deixar para outros fazerem as tarefas complementares, necessárias para que o produto (bem ou serviço) da empresa fosse concluído a contento.

Começou aí a grande onda de terceirizações e subcontratações. Como sempre houve exageros nesta tendência, a ponto de muitas empresas terceirizarem quase tudo, mesmo aquilo que faziam bem, mas que não era o cerne do foco.

A grande questão em administração é saber se o que é bom para um pode ser copiado literalmente para outro. Assim foi com o just in time no Brasil, que muitas empresas implantaram sem entender que era mais que uma técnica, era uma filosofia de trabalho. Assim também foi com a reengenharia que cortou milhares de cabeças deixando troncos acéfalos. Lembro que seu próprio criador depois escreve “ agora sei onde errei” , mas então a desgraça estava feita.

No Brasil, o processo de terceirização, ou de subcontratação, caminhou fortemente e serviços que eram feitos internamente passaram a ser comprados de empresas especializadas. Acontece que boa parte destas empresas de serviço não entendem as reais necessidades de seus clientes, ou não tem gente competente e comprometida com as melhores práticas.

Nível de serviços no Brasil precisa melhorar

O resultado é que a competitividade caminhou no sentido contrário. Cada vez mais o nível de serviços piora, proporcionalmente à melhora de bens produzidos, o que pode jogar as empresas brasileiras para o segundo time. Isto se vê em todos os campos de serviços, quer privados quer públicos.

O Brasil não tinha estrutura e cultura empresarial à altura de aguentar estratégias de focalização, e ainda não tem. O crescimento do PIB está fortemente atrelado a serviços que hoje pesam mais de 70% na sua composição e o aumento da inflação também é fruto dos aumentos de preços de serviços.

Enquanto não se pensar em profissionalização de muitos setores de serviço, com busca incessante de maior produtividade e qualidade não há grande esperança que esse quadro se modifique e que o País saia deste marasmo econômico.

* Hermann Gonçalves Marx possui graduação em Engenharia Mecânica pelo Instituto Tecnológico de Aeronáutica (1972), especialização em economia industrial pela Universidade Técnica de Aachen (1976), mestrado em Sistemas e Pesquisa Operacional pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (1974) e doutorado em Integração da América Latina pela Universidade de São Paulo (2005). Atualmente é professor convidado da FIA-USP e professor da Escola Superior de Propaganda e Marketing. Tem grande experiência na área de Administração Empresarial. Atuando principalmente nos seguintes temas: desenvolvimento endógeno, política industrial, sociedade empresarial, administração pública e economia pública.


Fonte: portogente.com.br
Por: Hermann Gonçalves

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