terça-feira, 23 de abril de 2013

Um custo insuportável



Elevado em todo o país, o custo logístico – que engloba transporte, estoque e armazenagem – é ainda maior no Rio Grande do Sul, onde alcançaria nada menos de 18% do Produto Interno Bruto (PIB).

O percentual equivale ao dobro do registrado nos países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), o que ajuda a entender um pouco mais as razões das dificuldades enfrentadas pela economia gaúcha.

Um custo de logística nesse patamar reforça a urgência de investimentos na área de infraestrutura, como alternativa para elevar a competitividade empresarial. É por isso que a Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (Fiergs) decidiu concentrar esforços para o enfrentamento desses gargalos estratégicos. Sabemos, afinal, que o “custo de não fazer” é muito superior ao necessário para a realização de obras consideradas prioritárias.

Se nada for feito, ou se for feito muito pouco, o que teremos pela frente é um inevitável colapso. As safras estão aumentando e já não temos como levar adequadamente os produtos aos seus destinos.

Nos últimos 10 anos, a produtividade de grãos por hectare aumentou 24% no Rio Grande do Sul, mas essa reação não ocorreu na área de infraestrutura. Hoje, o número de caminhões que trafegam pelas estradas do Sul é crescente, enquanto a malha rodoviária permanece inalterada há anos.

Grande parte desses produtos tem origem em outros Estados e, em muitos casos, o destino são países do Mercosul.

Em uma série considerável de rodovias, a quantidade transportada hoje excede a capacidade das pistas.

É possível permitir que esse quadro de deterioração gradativa se mantenha indefinidamente?

A Fiergs considera urgente a necessidade de dar um basta a esse custo insuportável. Por isso, em conjunto com as demais federações industriais da Região Sul e com a Confederação Nacional da Indústria (CNI), elegeu as prioridades a serem enfrentadas a partir do estudo Sul Competitivo.

De um total de 177 projetos com potencial para desatar os nós logísticos e aumentar a competitividade dos três Estados sulinos, foram eleitos 51 para serem tocados de imediato.

O levantamento cita também as formas de financiamento em cada caso: através do poder público, pela iniciativa privada ou a partir de parceria público-privada (PPP).

O empenho, neste momento, é pela criação de uma força-tarefa envolvendo governo, iniciativa privada e os Legislativos para levar adiante os planos em oito eixos prioritários em curto e médio prazos.

O Rio Grande do Sul, que é o Estado mais meridional do país, tem uma carência de modais, abandonou as redes ferroviárias e não aproveita bem o seu potencial fluvial e lacustre.

São deficiências que aumentam os custos das empresas e precisam ser enfrentadas logo.

O que temos visto até agora no Estado é o apontamento dos gargalos logísticos, mas, no final, as autoridades transferem o problema para o futuro.

A Fiergs está determinada a romper com essa tendência.

Por isso, fortalecida pela unidade de propósitos com as demais entidades industriais da Região Sul, convoca a sociedade e governos de todas as instâncias a enfrentar esse desafio.

*Presidente da Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (Fiergs)


Fonte:  Zero Hora - RS
Por: Heitor José Müller **

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