terça-feira, 28 de maio de 2013
Commodities em queda não são o maior problema
A queda das cotações de produtos agrícolas, minerais e do petróleo deverá reduzir em cerca de US$ 20 bilhões as exportações brasileiras no triênio 2011/2013, e perto de US$ 7 bilhões apenas neste ano, segundo reportagem de Márcia de Chiara, no Estado de ontem. O recuo dos preços dessas commodities tem peso relevante nas contas externas, em geral, mas não basta para explicar a deterioração abrupta do saldo comercial neste ano.
Nos últimos 12 meses, até abril, as exportações atingiram US$ 239,4 bilhões e foram 7,67% inferiores às dos 12 meses anteriores, em valores nominais. No mesmo período, as importações alcançaram US$ 229,4 bilhões e diminuíram apenas 0,75% em relação às dos 12 meses precedentes. A corrente de comércio (exportações mais importações) caiu 4,41%, ou US$ 21,6 bilhões. Isso não apenas restringe o leque de abertura da economia, visível no comércio enfraquecido, mas ajuda a derrubar o Produto Interno Bruto (PIB).
O comércio externo tornou-se dependente do valor das commodities - e o agronegócio vem tendo muito peso no resultado da balança comercial há muitos anos.
É evidente o impacto da baixa das cotações de matérias-primas sobre as contas externas - em razão do enfraquecimento da economia mundial. Nos últimos 28 meses, até abril, o índice CRB, referência mundial de avaliação das cotações, caiu 12%, segundo a G.O. Associados. Entre 2011 e 2013, cederam os preços do minério de ferro, do café cru e do açúcar bruto, por exemplo. E houve oscilações negativas nos preços da soja nos últimos meses.
Mas o Brasil não fez a lição de casa na área das exportações nem parece admitir o quanto se agravaram os problemas. As exportações deste ano são estimadas pelo Banco Central em US$ 264 bilhões. E nas projeções do boletim Focus, relativas às consultorias privadas, estão em US$ 247,5 bilhões, reduzindo a menos de US$ 8 bilhões a expectativa de saldo positivo no comércio.
Na década passada, beneficiado pelo vigor da economia global, o governo estimulou o consumo, elevou gastos correntes, subsídios e incentivos. Não precisou, pois, investir pesadamente na infraestrutura e reduzir a carga tributária, o que favoreceria a competitividade dos manufaturados brasileiros e estimularia exportações. Agora, corre com medidas emergenciais para melhorar a infraestrutura e com incentivos fiscais açodados. São os efeitos de uma política de curto prazo.
Fonte: O Estado de São Paulo - SP
28/05/13
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