O Brasil alcançou saldo comercial positivo de US$ 760 milhões em maio. Segundo dados divulgados ontem pelo Ministério do Desenvolvimento Indústria e Comércio Exterior (MDIC), as exportações totalizaram US$ 21,824 bilhões e as importações, US$ 21,064 bilhões. Para especialistas consultados pelo DCI, o dado preocupa e há possibilidade da balança comercial brasileira fechar o ano de 2013 com déficit. A última vez que isso ocorreu foi no ano 2000, quando o País fechou o período com saldo comercial negativo de US$ 731 milhões
Segundo o presidente da Associação Brasileira de Comércio Exterior (AEB), José Augusto de Castro, o superávit de maio veio abaixo das expectativas. "É um superávit pequeno, eu achava que seria muito maior já que estamos no auge do embarque de soja e minério", disse.
Para o especialista, a causa desse resultado é uma combinação entre a queda dos preços das commodities e a maior importação de petróleo e derivados. "Mesmo que se mantenham as quantidades, o valor da receita fica menor, além de soja e açúcar a tendência é que o preço do minério tenha também uma forte queda, a chance de ter um déficit é muito maior do que ter um superávit", completou o especialista.
O presidente do Instituto Fractal de Análises de Mercado, Celso Grisi, também ficou surpreso negativamente com os dados do último mês. "De modo geral a gente teve um superávit modesto e isso se deve ao fato das exportações crescerem apenas 2% ante 2012, os preços das commodities tem tido uma piora e há um aumento de 9% das importações, fruto do processo de desindustrialização que vivemos." Para o especialista, o déficit comercial do País deve fechar o ano em US$ 10 bilhões.
Os analistas consultados pelo Banco Central no relatório Focus, divulgado também ontem, estão mais otimistas, com previsão de superávit de US$ 8,3 bilhões.
Ao divulgar os dados a secretária de Comércio Exterior do MDIC, Tatiana Prazeres, disse que os números são justificados pela redução da produção e exportação nacionais e pelo aumento da demanda de importação de petróleo para refino. As exportações nos cinco primeiros meses deste ano registram queda de 40,7% sobre o mesmo período de 2012. Por outro lado, as importações cresceram 22%, pelo conceito de média diária.
A secretária declarou ainda que, excluindo as exportações de petróleo, as vendas externas teriam um crescimento de 3,7% em relação ao ano passado, um novo recorde para o período. Ainda sem os números do petróleo, a balança comercial sairia de um déficit de US$ 5,4 bilhões para um superávit de US$ 5,6 bilhões.
Câmbio
Nas últimas semanas o real tem sofrido uma desvalorização em relação ao dólar passando da casa de R$ 2 para R$ 2,15. Os especialistas consultados pelo DCI têm opiniões divergentes sobre o impacto que este movimento pode trazer para a balança comercial.
O presidente da AEB minimiza os efeitos do câmbio para os resultados pois, segundo ele, a taxa de câmbio é um valor de rentabilidade e não competitividade .
Já o representante da Fractal se mostra mais otimista em relação as consequências da mudança de patamar do real em relação ao dólar. "A esperança é que o dólar continue em um caminho de valorização para que as importações sejam diminuídas, favorecendo as exportações, ai sim teríamos uma recuperação do superávit", completou Grisi.
Dados mensais
No mês, as exportações de produtos por fator agregado alcançaram os seguintes valores: os manufaturados chegaram a US$ 7,397 bilhões, os básicos a US$ 11,503 bilhões e os semimanufaturados totalizaram US$ 2,468 bilhões. Sobre o ano anterior, cresceram, pela média diária, as exportações de básicos de 1,7%, enquanto decresceram em 13,5% as vendas de semimanufaturados e em 0,9% as de manufaturados.
Nas importações tiveram crescimento de 29,4% os produtos das categorias de combustíveis e lubrificantes, de 9,8% as matérias-primas e intermediários e de 0,5% os bens de consumo. Decresceram as compras de bens de capital em 0,8%.
Fonte: Diário do Comércio e Indústria
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