Em pelo menos cinco bancos, a taxa de câmbio para carregar crédito de viagem foi menor do que comprar a moeda em espécie. Pesquisa e barganha são saídas para driblar o dólar alto
Diferença no câmbio para pré-pagos e cédulas chegou a 3,4%
Se você precisa de dólares para viajar, saiba que bancos e corretoras praticam taxas de câmbio diferentes no cartão pré-pago e no dinheiro em espécie. Foi mais barato carregar créditos do que obter as cédulas em pelo menos cinco bancos brasileiros, segundo o último ranking do Banco Central, de julho de 2013 ( veja resumo na tabela abaixo ). A diferença chegou a 3,4% no Banco de Brasília (BRB) – que cotou a moeda americana a R$ 2,41 para dinheiro vivo e R$ 2,33 para o cartão.
“Uma diferença de R$ 0,10 na taxa de câmbio pode encarecer muito a viagem de quem precisa de valores acima de R$ 1 mil”, explica o consultor de finanças pessoais e diretor executivo do Grupo PAR, Marcelo Maron. Vale tentar negociar custos mais atrativos, segundo o especialista, diretamente com os bancos onde o consumidor tem relacionamento, especialmente depois que o dólar disparou acima de 12% entre maio e setembro, chegando a ficar acima dos R$ 2,40.
Procurar o gerente que administra a conta dá mais poder de barganha ao cliente que quer pechinchar, observa o executivo de estudos econômicos da Anefac (Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade), Miguel José Ribeiro de Oliveira. “Quem não chora não mama. É possível barganhar até nas casas de câmbio pedindo taxas mais baixas”, afirma.
O levantamento do Banco Central mostra que entre os bancos que emitem dólar em espécie e pré-pagos de viagem, o Itaú Unibanco foi o único a cobrar menos para operar com dinheiro vivo (R$ 2,37 contra R$ 2,38). Por outro lado, a instituição figurou entre as que praticam o câmbio mais alto para carregar os cartões, na 64ª posição entre 69 empresas. Bradesco, Banco do Brasil, Ourinvest, HSBC, Banrisul, Citibank e Banco Paulista foram os que ofereceram melhor condição nos pré-pagos.
VARIAÇÃO
Diferença do câmbio cobrado para carregar cartões pré-pagos e trocar reais por dólares em espécie em bancos brasileiros que operam com as duas transações, em julho de 2013 (as operações mais baratas aparecem sublinhadas):
Mas antes de decidir entre dinheiro e cartão, é preciso levar em conta outras variantes de custo. Os pré-pagos cobram IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) de 0,38% sobre as transações, uma economia de 6% em relação aos cartões de crédito. Também há uma taxa em torno de R$ 2,50 para saques de dinheiro vivo em caixas eletrônicos no exterior. Por outro lado, os pré-pagos já possuem seguros que reembolsam pela perda ou roubo do cartão, o que não ocorre com o dinheiro vivo.
O ranking do BC considerou o custo das operações cambiais de reais para dólares, já descontadas tarifas e tributos, conhecido como valor efetivo total (VET). Vale lembrar que o câmbio cobrado nestas transações é baseado no dólar turismo – que fechou cotado a R$ 2,32 para venda nesta terça-feira (17) –, moeda sempre um pouco superior ao dólar comercial.
Entre todos os bancos e corretoras que operam com o pré-pago, a diferença no câmbio praticado chegou a 3,4% em julho. A cobrança mais barata no mês foi da Dourada Corretora de Câmbio, por R$ 2,31, e a mais cara, da Sol Corretora de Câmbio, que cobrou R$ 2,39 pela unidade da moeda estrangeira.
Mercado em ascensão
O segmento de cartões pré-pagos para viagens deve movimentar US$ 56 bilhões em todo o mundo em 2017, segundo uma pesquisa encomendada pela Mastercard ao Boston Consulting Group (BGP). O mesmo levantamento apontou que o Brasil deve ser o quarto maior mercado do produto, levantando US$ 4,2 bilhões, atrás de Estados Unidos (US$ 15,4 bilhões), Reino Unido e Irlanda (US$ 7,5 bilhões juntos) e Alemanha (US$ 4,5 bilhões).
Quanto levar na viagem
Apesar de o cartão de crédito ser uma das alternativas mais caras para compras no exterior – além de sujeitar o consumidor à variação cambial até a data do vencimento da fatura –, ele deve ser levado na viagem, na opinião dos consultores. “O ideal é evitar ao máximo seu uso, deixando-o apenas para emergências”, recomenda Maron.
Uma medida adequada, de acordo com o especialista, seria carregar no pré-pago de sua escolha em torno de 80% a 90% de todo o valor necessário para a viagem – após pesquisar a melhor taxa de câmbio – e levar o restante em dinheiro, para pequenas despesas do cotidiano, como alimentação e transporte.
iG São Paulo
Taís Laporta
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