quinta-feira, 30 de abril de 2015

Dilma retoma modelo de concessões adotado no governo FHC



Com dificuldades de caixa, o governo Dilma Rousseff decidiu reabilitar a ideia de cobrar, na nova etapa do seu programa de privatização, pagamento pelas concessões de serviços públicos ao setor privado –modelo conhecido como outorga onerosa. 

O receituário, usado na gestão Fernando Henrique Cardoso (1995-2002), era criticado pela presidente. 

A proposta foi formalizada pela equipe do ministro Joaquim Levy (Fazenda) no último sábado (25) e seria uma forma de obter mais recursos para o cumprimento da meta fiscal (receitas menos despesas) e reequilibrar as contas públicas neste ano. 

A outorga onerosa pode incluir os leilões de renovação das concessões de distribuidoras de energia elétrica, de novas ferrovias e portos. 

Para os dois últimos setores, a adoção da outorga está praticamente decidida, mesmo com críticas de integrantes do ministério à proposta. 

Já em relação ao setor de energia, o governo está dividido. Enquanto a Fazenda defende a proposta, o Ministério de Minas e Energia e a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) são contra. 

Um dos motivos é que, nas renovações anteriores, o modelo usado não foi esse, o que pode gerar dúvidas jurídicas. Além disso, a outorga será repassada para as tarifas, o que a Aneel prefere evitar depois do tarifaço do início do ano. 

A Fazenda avalia que o repasse não seria muito elevado para o consumidor final. 

PRIVATISTAS 

O pagamento de outorgas no setor de infraestrutura foi usado principalmente na concessão de geradoras elétricas, portos e ferrovias na década de 1990. O modelo do programa rendeu aos tucanos o apelido de "privatistas" por parte do PT. 

Quando Dilma era ministra de Minas e Energia, ela comandou uma mudança no modelo de concessão das usinas elétricas, que passou a ser pela menor tarifa oferecida, extinguindo a outorga. 

Ao retomar o programa de concessões no setor na década de 2010, a presidente Dilma Rousseff determinou que os estudos direcionassem as concessões para garantir tarifas mais baixas. 

No setor de ferrovias, o modelo ficou conhecido como "PPP disfarçada". Vencia a concessão quem oferecesse a menor tarifa e, caso houvesse prejuízo, o governo bancaria. O modelo acabou sendo considerado inseguro e nenhuma das 13 ferrovias previstas foi a leilão. 

Agora, o governo estuda voltar ao modelo antigo de concessão em parte das ferrovias, ou seja, com o pagamento de outorga pelo uso da via e preços livres, mas sem informar em quais. 

Em relação aos portos, o governo pretendia fazer a maior parte dos leilões num modelo em que venceria quem oferecesse a menor tarifa ou a maior movimentação de carga. Até então, ganhava quem oferecia o maior valor de arrendamento, o que deve voltar a ser prioridade.

Fonte: Folha de S. Paulo
Publicada em:: 29/04/2015

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