Sem dinheiro em caixa para investir em projetos de infraestrutura e logística, o governo quer triplicar os repasses anuais de organismos multilaterais de crédito, dos atuais US$ 10 bilhões para algo em torno de US$ 30 bilhões por ano. Estão nesse horizonte, entre outros, o BID, o Bird e instituições financeiras públicas de Japão, Alemanha, China, Estados Unidos e Coreia do Sul. Os recursos ajudarão a financiar o novo pacote de concessões, a ser anunciado mês que vem, estimado em mais de R$ 100 bilhões. "Os resultados obtidos com a visita do primeiro ministro da China são um sinal de que isso é possível. O Brasil é um país atraente. O movimento dos chineses corrobora o que no resto do mundo se fala há mais tempo. Uma das consequências da presença do Brasil no mundo é que ela permite uma certa arbitragem das relações do Brasil com o mundo industrializado" disse ao GLOBO o secretário de Assuntos Internacionais do Ministério do Planejamento, Cláudio Puty. Segundo ele, há grande interesse internacional em financiar esses projetos. Mesmo porque, com o limite de endividamento de estados e municípios, o total de operações regionais deve diminuir. "Os bancos querem ampliar o financiamento privado" afirmou. Esse e outros temas serão discutidos na próxima segunda-feira, em um seminário com a presença de dirigentes de BID, Bird, FMI, CAF e Fonplata, além de Caixa Econômica Federal e BNDES. Antes disso, ao longo dos últimos dias, representantes de bancos de diversos países estiveram no Ministério do Planejamento conversando sobre o financiamento de projetos de longo prazo. Para Puty, há um ressurgimento dos bancos públicos em projetos de financiamento de longo prazo. Isso se deve à grande liquidez e ao momento atual de transformação da arquitetura financeira mundial. De acordo com fontes envolvidas na elaboração do portfólio de investimentos brasileiros, a presidente Dilma Rousseff quer a programação pronta antes de viajar aos Estados Unidos, no mês que vem. As discussões internas apontam, entre os caminhos, a adoção de um mix de recursos orçamentários, dinheiro do BNDES e emissão de debêntures (títulos privados).
O Globo
22/05/2015
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