quarta-feira, 13 de maio de 2015

Brasil precisa de financiamento para inovações de risco, dizem empresas


Empresas avaliam que faltam políticas públicas de financiamento voltadas para inovações mais arriscadas no Brasil. Essa é uma das conclusões de uma pesquisa da CNI com 100 companhias nacionais. De acordo com o estudo, divulgado ontem, cerca de 55% das empresas afirmam que, na composição do seu fundo de inovação, já existe alguma participação de aportes oriundos de instituições públicas. Apesar dessa taxa ser positiva, o superintendente nacional do Instituto Euvaldo Lódi (IEL), Paulo Mól, diz que o modelo atual de subsídio a iniciativas inovadoras não permite, entretanto, que as empresas errem e nem levem adiante pesquisas mais "elaboradas". "A agenda de financiamento em inovação no Brasil é calcada no crédito. O problema disso é que o empresário, tendo que pagar por esse subsídio, só vai tomar recursos quando ele tiver condições de controlar ou mitigar os seus riscos. Isso justifica, em grande parte, porque o Brasil não tem inovações mais ousadas", diz ele. As inovações "mais arriscadas" são aquelas que, geralmente, modificam um modelo de negócios vigente, a exemplo da evolução do CD para o MP3. Já as inovações incrementais promovem melhorias em produtos e serviços já existentes que não alteram, radicalmente, a forma de consumo. Segundo Mól, a melhor maneira de fornecer financiamento a inovações desse tipo é por meio da subvenção econômica, modelo no qual há compartilhamento de riscos entre a empresa e a instituição pública ou privada. Os recursos empreendidos pelas instituições não precisam ser devolvidos pelas companhias. Ele lembra que a Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii) encabeça, desde 2013, projetos nesse modelo. A FINEP é outra instituição que tem atuado com subvenção econômica. "Os resultados são ainda são tímidos, mas é uma proposta interessante. O Brasil tem avançado nessa agenda. [...] Entretanto, quando observamos a parcela dos recursos destinados à subvenção econômica, do total do orçamento público voltado para a inovação, vemos que ainda é muito pouco. Deve ser algo em torno de 2% e 3%", diz Mól. "Além disso, toda vez que tem contingenciamento de orçamento a primeira parcela que é cortada em inovação é a subvenção econômica", alerta. De acordo com a pesquisa, 46,7% das pequenas e médias empresas (PMEs) consultadas possuem recursos públicos na composição do seu orçamento voltado para a inovação. Já nas grandes, essa taxa é maior e alcança 67,5% de todas elas. O grau de internacionalização das PMEs também é menor do que nas grandes. Cerca de 33,3% das pequenas tem atuação no mercado externo, enquanto 95% das grandes companhias participam do comércio internacional. Apesar das expectativas ruins em relação à economia brasileira, os representantes das empresas entrevistadas estão otimistas quanto ao volume de recursos que pretendem investir em inovação nos próximos cinco anos: 57% responderam que pretendem "aumentar" ou "aumentar muito" os investimentos. Outros 39% afirmaram que a tendência é permanecer como está.
DCI
12/05/2015

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