O ministro do
Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Armando Monteiro, disse hoje (8)
que o Mercosul não deve ser trava para que o Brasil busque acordos com outros
mercados. Ao participar do seminário Brasil: Perfil de Competitividade, no Rio
de Janeiro, ele destacou que as exportações precisam ser um canal permanente
para a economia brasileira, e não um escape para momentos de crise.
Para ele, um acordo
entre a União Européia e o bloco sul-americano está entre as prioridades.
Segundo o ministro, desde março, sua equipe tem dado "prioridade absoluta" ao
mercado americano, que foi o maior comprador de produtos manufaturados
brasileiros em 2014.
"O Brasil fez uma
construção importante na questão do Mercosul; foi uma longa construção
institucional. Nós ainda reconhecemos o Mercosul como algo importante, mas o
Mercosul não pode se constituir numa trava para [impedir] que o Brasil busque um
padrão de inserção em outros blocos econômicos."
Depois, ao
responder a perguntas da plateia, o ministro afirmou que os acordos do Mercosul
não colidem com negociações com outros países. "O Brasil pode, de algum modo,
caminhar mesmo com as limitações que são impostas pelo Mercosul. Nosso casamento
é indissolúvel, mas é sempre importante discutir a relação", afirmou.
De acordo com o
ministro, o comércio exterior é uma forma de aumentar a competitividade das
empresas brasileiras, porque empresas capazes de exportar se tornam mais
competitivas.
Ele reconheceu que
a indústria sofreu nos últimos anos com a valorização do real, mas ressaltou
que, no momento, o câmbio está mais favorável. "O câmbio nos oferece uma certa
janela de oportunidade. Não quero supervalorizar, porque ainda há uma
apreciação, mas o fato é que ele flutuou mais, e essa flutuação vai compensar
dificuldades e custos sistêmicos, que são muito altos. Temos que aproveitar esse
canal [do comércio exterior]."
Armando Monteiro
disse ainda que a valorização das commodities (produtos básicos com cotação
internacional) nos últimos anos gerou uma acomodação no país, que se beneficiou
com a alta de preços de minérios e produtos agrícolas, por exemplo.
"O Brasil viveu um
superciclo das commodities, que produziu uma situação de acomodação. Muitos
imaginaram que o Brasil havia contratado a prosperidade de forma definitiva. No
entanto, o ciclo passou, ou está passando em certa medida", disse ele, e
acrescentou: "Está na hora de o Brasil voltar-se para os seus desafios, os que
ainda estão aí e permanecem: uma agenda de reformas inconclusas - portanto, sem
as reformas - e uma melhoria no ambiente macroeconômico, o Brasil não terá
condições de retomar o seu processo de crescimento."
Fonte: Agência Brasil
08/06/2015
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