O programa de concessões anunciado pelo governo Dilma Rousseff para incentivar investimentos em infraestrutura no Brasil não pensa os transportes do país de forma sistêmica e não deve ter grande efeito na diminuição do chamado custo Brasil. A avaliação é do economista Mauro Rochlin, professor da Fundação Getúlio Vargas/FGV e sóciodiretor da MR Consultoria.
Em palestra durante evento sobre a indústria brasileira, em São Paulo, Rochlin disse que a atual matriz de transportes do Brasil, fortemente baseada no modal rodoviário, é insuficiente para integrar o espaço de dimensões continentais do país.
"É preciso ver os transportes de forma sistêmica. O programa de concessões em infraestrutura não me parece atender ao requisito de pensar de forma articulada diferentes modos de transporte", disse.
Rochlin tratou da logística como um dos pontos mais importantes para o custo de operação da indústria no Brasil. Segundo ele, a logística é equivalente a 11,7% do PIB no país, mas representa 9,3% do PIB nos EUA.
Além da logística, Rochlin tratou de outras causas do custo Brasil, avaliando a diferença de custos que as empresas que operam no país enfrentam em relação às de outros países. O economista destacou os problemas de competitividade domésticos, como gastos com mão de obra, logística, tributação, energia e burocracia, além de câmbio e taxa de juros.
Rochlin criticou ainda a baixa produtividade da mão de obra no país. "Nas últimas três décadas, o Brasil alcançou um crescimento medíocre em termos de produtividade. Em termos de mão de obra, temos uma situação cada vez mais difícil em relação ao resto do mundo", disse.
Fonte: Valor Online
Publicada em:: 30/06/2015
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