quarta-feira, 1 de julho de 2015

Indústria vira semestre sem perspectivas de recuperação, sinaliza FGV


A indústria de transformação deve encerrar o segundo trimestre do ano com queda na produção superior a 2% em relação ao primeiro, completando oito trimestres seguidos de retração. E, para piorar, entrará no o segundo semestre com os estoques elevados, os mais altos desde fevereiro de 2009. A sinalização pouco animadora ao setor vem da Sondagem Conjuntural da Indústria de Transformação do mês de junho, divulgada nesta terça-feira pela FGV/IBRE. O estudo mostra ainda que, as perdas que desde meados do ano passado afetavam mais duramente os setores industriais de bens duráveis, como os fabricantes de veículos e de eletrodomésticos, já contamina também os não-duráveis, como alimentos e produtos farmacêuticos. Para 49% das 1.134 indústrias consultadas na sondagem, a situação atual "que combina demanda fraca, acúmulo de estoques, queda nas margens de lucro e dificuldade de acesso ao crédito" não deve melhorar no curto prazo, enquanto que 37% falaram em situação ainda pior. "Os resultados da sondagem em maio e junho indicam que o setor terá queda na produção neste segundo trimestre, e vai virar o semestre estocado e com a necessidade de calibrar ainda mais para baixo a produção. Portanto, não será no terceiro trimestre que a indústria vai voltar a crescer", avalia o economista Aloisio Campelo, responsável pela sondagem, acrescentando: "Isso é muito ruim para a economia, porque é com base nessas perspectivas que as empresas tomam decisões de investimento e de contratação de pessoal. Assim, temos uma 'retroalimentação' da situação atual". Na análise da situação atual, 47,2 % das empresas disseram que a demanda doméstica está fraca, levando este indicador a pior patamar desde 1992. Ao mesmo tempo, o índice de avaliação da demanda externa está no menor patamar desde a crise de 2009. "Isso revela uma demora maior que a previamente prevista pelas empresas de aproveitamento do câmbio mais valorizado, que foi atrapalhado por fatores como a desvalorização de moedas locais também em outros países, e a inflação elevada aqui, que aumenta custos e 'come' um pouco da competitividade das empresas nacionais", observa Campelo. O esfriamento da atividade econômica e o aumento do desemprego, que compromete a renda, já se faz sentir também na confiança dos setor de bens não-duráveis, que no mês passado atingiu seu menor nível em termos relativos. O índice que mede as perspectivas de contratação/demissão de pessoal na indústria no próximo trimestre atingiu o menor nível desde 2005, com 30,9% das empresas prevendo demissões. "A queda no indicador de confiança desse setor reflete o aprofundamento da desaceleração da economia, e tem relação com a piora do mercado de trabalho. Com renda menor, as pessoas estão tendo de segurar o consumo", diz Campelo. 
O Globo
01/07/2015

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