sexta-feira, 10 de julho de 2015

Superávit com China cai 69%, mas crise já "está na conta"


A crise da bolsa de valores chinesa está no radar de analistas pois afeta o preço de commodities, mas não deve alterar as projeções para o setor externo. Antes mesmo da turbulência, a desaceleração da economia chinesa e a queda no preço de commodities tinham piorado a balança comercialdo Brasil com o parceiro asiático, em um movimento contrário ao comércio brasileiro com o restodo mundo, que tem melhorado. O superávit do Brasil com a China caiu 69% nos primeiros seis meses do ano em relação a igual período do ano passado, passando de US$ 5,5 bilhões para US$ 1,7 bilhão. Com o resto do mundo, o Brasil saiu de um déficit de R$ 8 bilhões para um pequeno superávit de US$ 460 milhões na mesma comparação. Somando tudo, a balança comercial do Brasil com o mundo passou de um déficit de US$ 2,5 bilhões no primeiro semestre de 2014 para um resultado positivo de US$ 23 bilhões. A piora acontece nas duas pontas: as exportações brasileiras para o parceiro asiático caem mais e as importações recuam menos. De janeiro a junho, as exportações brasileiras para a China caíram 22,6%, enquanto os embarques para o resto do mundo recuaram 12,5%. Nas importações, o Brasil comprou 20% menos do resto do mundo, mas as importações provenientes da China foram 9% menores. As commodities explicam a queda mais expressiva das exportações para a China, pois 78% do que o Brasil exporta para o parceiro é soja, minério e petróleo. Em minério,por exemplo,aqueda nos embarques para a China foi maior que para o restodo mundo.De janeiro a junho, o Brasil exportou US$2,6 bilhões para a China, 60% menor que em igual período do ano passado. Para os demais países do mundo, a queda foi de 40%. No caso da soja, que atende um mercado menos volátil, o de alimento, as exportações recuam, mas menos do que para o resto do mundo, sinal de que nem todo comércio com o país asiático será afetado em igual proporção. Octavio de Barros, diretor do Bradesco, reconhece que a crise chinesa afeta o preço de commodities metálicas como minério de ferro, mas diz que, como o movimento já estava no cenário da instituição, que previa desaceleração mais forte na China do que o mercado, as projeções para o setor externo não estão sendo alteradas. Além do fator China já estar previsto e do comércio mundial estar crescendo abaixo do PIB mundial,Barros pondera que a depreciação real da moeda local foi tão significativa que o Brasil já registra sinais de recuperação da quantidade exportadaem setores como calçados. "As exportações de manufaturados e semi- manufaturados já mostram reação na margem com o dado dessa zona lizado", pondera. Para Rafael Ihara, do Brasil Plural, é precipitado rever as projeções neste momentoem razão da forte oscilação de preços. "Mas certamente os riscos são de uma queda mais forte das exportações", diz ele.
Valor Econômico
10/07/2015

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