Indústria é a favor da abertura
comercial, mas com diálogo e transparência
Diante
das notícias de que a Secretaria Especial de Comércio Exterior e Assuntos
Internacionais do Ministério da Economia tem avançado na proposta de reduzir
unilateralmente a tarifa externa comum (TEC) do Mercosul,
a Confederação Nacional da Indústria (CNI) reitera a
necessidade de haver um diálogo transparente do governo com o setor privado,
com a realização de consulta pública, para que se compreenda a realidade de
cada setor industrial e de cada região no País.
A proposta
apresentada pelo Brasil aos parceiros no Mercosul é de um corte
superior a 50% do imposto de importação. A TEC é o imposto de importação
cobrado de bens de terceiros países para entrar nos territórios de Brasil,
Argentina, Paraguai e Uruguai
Um estudo ainda
inédito, contratado pela CNI junto ao Centro de Estudos de Política da
Universidade de Victoria, na Austrália, mostra que um
corte abrupto de 50% reduzirá o Produto Interno Bruto (PIB) de pelo menos 10
dos 23 setores industriais até 2022, prejudicando a
retomada do crescimento e a redução do desemprego. A Universidade de Victoria é
referência mundial em estudos econométricos relacionados ao comércio
internacional.
Além disso, a
proposta brasileira não tem sincronia com as demais medidas voltadas à
ampliação da competitividade da economia e da indústria. O governo prevê um
"choque" de tarifa em apenas 4 anos, embora a reforma tributária
discutida no Congresso Nacional possa ter período de transição de 10 anos, e o
acordo Mercosul-União Europeia só estará totalmente implementado após 15 anos
de sua entrada em vigor. Essa redução unilateral da TEC diminui o engajamento
da indústria em novos acordos comerciais e o Brasil ainda perde poder de
barganha nas negociações para derrubar as barreiras de terceiros mercados ao
agronegócio brasileiro.
Ao decidir não
consultar o setor privado sobre o corte nos impostos de importação e não
realizar análise de impacto regulatório sobre a medida, o governo contraria a
Lei de Liberdade Econômica, a resolução da Câmara de Comércio Exterior (CAMEX)
sobre Boas Práticas Regulatórias no comércio exterior e as normas da
Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). A decisão
aumenta a insegurança jurídica e reduz o horizonte de novos investimentos e
novas vagas.
A CNI afirma que mais
de 90% dos setores industriais apoiam a abertura comercial desde que via
negociações de acordos e aliada a uma agenda de competitividade. "A indústria
tem apoiado ativa e publicamente a abertura comercial desde 2012. Somos a favor
da abertura, mas com diálogo e transparência. Nem a indústria nem o Congresso
Nacional podem ficar de fora desse debate, pois o impacto é enorme nos estados
e nos municípios industriais", afirma o presidente da CNI, Robson Braga de
Andrade.
Fonte:
Confederação Nacional da Indústria - CNI
Data
de publicação:22/10/2019
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