segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Estrutruras estão obsoletas e falta manutenção das pontes, diz especialistas.

Para a professora Silvana, episódios como o afundamento da ponte e o desabamento de parte da avenida dos Estados, na segunda quinzena de janeiro, não podem ser chamados de acidentes. Infraestrutura de baixa qualidade e prática de manutenção que corre atrás do prejuízo protagonizam as causas do afundamento da ponte da avenida Antonio Cardoso, na avenida dos Estados, segundo análise da professora dos cursos de Engenharia Ambiental e Urbana, Planejamento territorial e Políticas públicas da Universidade Federal do ABC (UFABC), Silvana Zioni. “A cultura do remendo condiz com o padrão de pouco investimento na ocupação da área urbana e visão de curto prazo, imediatista e que ignora a vida útil das estruturas”, critica a especialista. No final da tarde de quinta-feira (14/02), período em que forte chuva atingia o ABC, a ponte sobre o rio Tamanduateí, próxima ao supermercado Carrefour, afundou cerca de 50 centímetros e foi interditada. O trânsito no local ficou muito complicado, inclusive porque a ponte é passagem das linhas 284, 284M, 285 e 487. Por serem elétricos, alguns trólebus não puderam passar nem desviar a rota. O local é passagem também para diversos pedestres chegarem ao ponto de ônibus mais próximo da UFABC. As obras de reconstrução do elevado devem demorar seis meses e ter custo de R$ 5 milhões aos cofres públicos. A prefeitura tem total responsabilidade pela reforma da ponte, ainda que seja nos arredores do rio Tamanduateí, que é intermunicipal. Segundo nota do Departamento de Águas e Energia Elétrica, pertencente ao Governo do Estado, “a responsabilidade do DAEE se restringe às estruturas de contenção da avenida do Estado. A manutenção e recuperação do sistema viário, inclusive pontes sobre o rio Tamanduateí, é de responsabilidade exclusiva das Prefeituras”. De acordo com o secretário de Obras e Serviços Públicos, Paulinho Serra, em nota enviada pela Prefeitura de Santo André, o afundamento da pista ocorreu por dois motivos: a base comprometida por infiltração pelo estreitamento da margem do rio, além do assoreamento das margens. Ainda segundo a nota, a via passou por intervenção há dois anos, mas na ocasião não foram tomadas medidas de alargamento das margens e elevação da ponte, para aumentar o espaço de escoamento das águas em épocas de grande concentração de chuva. Terreno frágil Para a professora Silvana, episódios como o afundamento da ponte e o desabamento de parte da avenida dos Estados, na segunda quinzena de janeiro, não podem ser chamados de acidentes. “Um terreno frágil e sujeito à ação da água está ocupado, então estes processos são previsíveis”, afirma Silvana e completa que os problemas são indícios de que o padrão de ocupação do ABC desconsidera riscos. Ainda segundo análise da especialista, margens de rio não podem ser ocupadas. “Qualquer rio quer retornar ao antigo leito. Não adianta tentar encaixar, mas se for fazer, tem que ser muito bem feito”, alerta a especialista ao afirmar que terrenos de margem são mais vulneráveis e precisam de manutenção frequente. Mas para a professora não é isso que acontece no ABC. Ela afirma que, não só a sustentação das margens, mas também as estruturas ao redor do rio, como pontes, galerias, rede elétrica e até as árvores, já estão obsoletas. “Investimento de qualquer obra precisa prever manutenção”. Em novembro de 2012, o Consórcio Intermunicipal do Grande ABC assinou contrato com o Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) para identificar áreas de risco. No entanto, o mapeamento só vai ficar pronto no final de 2013. Na opinião de Silvana, o plano é uma opção acertada, no entanto, precisa haver ação. “A prevenção de risco tem visão de longo prazo e manutenção, mas a redução de risco exige uma intervenção imediata”. Trólebus Pelo fato de os trólebus elétricos não poderem circular pelo local nem mudarem o itinerário, a Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos (EMTU/SP) informa que as linhas de trólebus 284, 284M e 285 passaram a circular com ônibus a diesel e tiveram seus itinerários alterados. A nota informa que, no sentido São Mateus a Santo André, as linhas agora seguem pelo Viaduto Antônio Adib Chammas, seguindo pela Avenida Quinze de Novembro. A partir desta via, a linha 284 retorna para o Terminal Santo André e a linha 285 continua a cumprir o seu itinerário normal. Esta operação é emergencial e pode ser reformulada até que a ponte seja restabelecida. A linha 284 mantém toda a sua frota programada no total de 20 veículos, operando agora com ônibus a diesel. A linha 284M não está operando e seus 19 veículos foram transferidos para a linha 286 que vai de Santo André até Ferrazópolis, em São Bernardo. Mas devido ao rompimento da rede aérea ocorrido nesta sexta-feira (15), os passageiros por enquanto terão que desembarcar no Terminal São Bernardo e fazer integração gratuita, com auxílio dos funcionários da Concessionária Metra, com a linha 288 que tem como destino o Terminal Ferrazópolis, até o restabelecimento da rede. A linha 285 está operando com uma redução de 15% nos horários de entrepico e nos horários de pico circulará com toda a frota programada de 33 veículos. Rotas alternativas O Departamento de Trânsito de Santo André orienta aos motoristas que evitem o trajeto por aquela região. O trânsito está sendo desviado para a rotatória do Sesi, na região do Viaduto Castelo Branco e da Alameda Martins Fontes. Outra alternativa é pegar o Viaduto Adib Chammas a partir da Avenida Itamaraty. O motorista que vem de Mauá, antes de chegar à rotatória Antonio Cardoso deve entrar à esquerda na Rua dos Alpes (alça) para acessar o Viaduto Adib Chammas ou Pedro Dell'Antonia. Os agentes de trânsito de Santo André intensificarão os trabalhos na área, operando nos cruzamentos da Alameda Martins Fontes e Viaduto Castelo Branco. Os semáforos também foram reprogramados para dar mais fluidez à Avenida dos Estados. Fonte: reporterdiario.com.br Por: Nathália Blanco

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