quarta-feira, 13 de março de 2013

Mais um grupo de trabalho contra entraves de logística

A notícia merece festas e fogos: a safra de grãos este ano será recorde. O Brasil vai colher 138 milhões de toneladas e as exportações de soja e derivados devem passar de 45 milhões de toneladas. São números recordes, mas que estão ameaçados por um problema tão antigo quanto a Sé de Braga. Gargalos logísticos impedem o escoamento da produção. Há problemas no transporte e no embarque de grãos nos portos e também no custo de frete para os terminais, que aumentou mais de 40%. Para agravar a situação dos produtores, na importação de insumos pagam-se comissões a mais pela demora das matérias-primas nos portos. As longas filas de caminhões nos portos já fazem parte do calendário e permitem tomadas impressionantes nos jornais da tevê. E o governo sempre entra em cena, dizendo-se firmemente decidido a remover o obstáculo. Agora, não foi diferente. Para garantir o escoamento da soja, os ministros da Agricultura, Mendes Ribeiro Filho, e dos Transportes, Paulo Sérgio Passos, reuniram-se e resolveram criar um grupo de trabalho que buscará soluções para o impasse logístico. É mais do mesmo. Na virada do mês, já havia sido criado um comitê interministerial com finalidade semelhante. A criação de grupos de trabalhos e comitês de avaliação faz lembrar uma das histórias favoritas inventadas pelo ex-ministro da Fazenda Mário Henrique Simonsen. Contava o famoso economista carioca que um faraó visitou a Arábia Saudita e voltou ao Cairo impressionado com a beleza dos cavalos árabes. Convocou seu colégio de sábios e pediu que projetassem um cavalo ainda melhor que o dos sultões. Após muita discussão, os sábios anunciaram a criação de um grupo de trabalho para atender à a encomenda. Passaram meses em reuniões e debates até que chegaram ao resultado. E apressaram-se em levar a brilhante conclusão ao patrão. Desenvolveram um animal maior, mais resistente e mais confortável para os cavaleiros e resolveram batizá-lo de camelo. Indignado e infeliz, o faraó mandou todos para o exílio. Se Simonsen não acreditava na eficácia de grupos de trabalho, os produtores de soja também devem ter bons motivos para desconfiar das promessas do governo. É mais fácil passar pelo buraco de uma agulha do que superar os gargalos de logística que emperram há anos o embarque de grãos. Dificilmente um grupo montado às pressas em Brasília vai encontrar uma solução. No máximo transformará cavalo em camelo. A saída exige medidas estruturais. Daí a urgência da MP 595, que moderniza os portos, mas enfrenta resistência dos sindicatos. É vital que o governo vença essa queda de braço. Ontem,no interior de Alagoas, a presidente Dilma afirmou que "um país que tem um povo com a capacidade de resistir ao sertão, tendo água, oportunidades, universidades, escolas, rodovias e portos, é um país invencível". Melhor ainda será o Brasil quando conseguir escoar a riqueza que produz. Octávio Costa é editor-chefe do Brasil Econômico (RJ) Fonte: Brasil Econômico Por: Octávio Costa

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