quarta-feira, 10 de abril de 2013

Arrecadação e violação



É revoltante ver como o brasileiro tem sido enganado. E, não só pelo governo. Também por conta própria. Desde que não se disponha a ler, analisar, ver o que está ocorrendo, é cúmplice. E é estranho ver as pessoas sendo cúmplices em tramas contra si mesmas. É o que se pode denominar de suicídio. O que explica isso no brasileiro? Por que não se preza?
Na questão da arrecadação e o que retorna é notório. Quase nada. Por que não conseguimos ver? O governo está sempre agindo de forma inadequada, e o faz até de forma inteligente. Claro que para si mesmo, não para os governados. Para aqueles a quem finge governar. É a genialidade do professor Gavião, não a do professor Pardal. Dois fantásticos personagens de Disney, inteligentes, inventores. Mas, um para o mal e o outro para o bem. Quando louvaremos o professor Pardal, não o professor Gavião? 
Esperamos que este dia não esteja longe. Que pelo menos ocorra nos próximos 100 anos, não mais. O que será fantástico e rápido para um país de 520 anos (1492-1513) [sic] que não anda. A arrecadação de tributos corre celeremente, de modo a cortar o oxigênio do consumidor. Em 1948 tínhamos tributos em 13%. Em 1989, em 22%, e hoje 38% do produto interno bruto (PIB). Com tributos reais, conforme já explicitado em nossos artigos, na realidade em cerca de 50% ou mais. O que ainda não foi percebido pela imprensa ou por nossos economistas, e povo em geral. 
Ultimamente o governo vem praticando as chamadas boas ações. Para quem, cara-pálida? Para o governo, nada para o povo, senão vejamos. São formas de enganar a todos sem que se perceba. O governo tem, nos últimos anos, praticado a política de dar dinheiro ao povo. A quem merece e a quem não merece. Ou talvez a quem precisa e quem não precisa. Temos problemas sérios com transporte e logística, entre outros, estando entre os piores países do mundo. O que faz o governo? Dá dinheiro de quem trabalha para manter na coleira a maioria do povo. O que nós faríamos? Daríamos empregos a estas dezenas de milhões de pessoas. As  colocaríamos para construir e reformar rodovias, ferrovias, hidrovias etc. Salário ganho com dignidade e bem maior do que as migalhas da bolsa-esmola. E não destruiria o País com falsas políticas sociais. E criaria o desenvolvimento de que precisamos. Mas isso não facilitaria o cabresto. Ao contrário. O salário mínimo vem aumentando exponencialmente, de forma irresponsável. Não que não se deva fazer isso. 
É uma vergonha um salário mínimo de R$ 622,00 quando, considerando sua criação por Getúlio Vargas, deveria estar hoje ao redor de R$ 2.500,00. Mas não se pode recuperar tudo dessa maneira. O principal que queremos colocar é que os aposentados têm recebido reajustes menores do que a inflação, reduzindo ano a ano as aposentadorias, aproximando todos de apenas um salário mínimo, que é a intenção declarada. E que é quando as pessoas mais precisam de dinheiro - a velhice - e o descanso merecido. Assim, isso se constitui em mais numa medida arrecadadora, e de cabresto, não medidas sérias de país sério (isto está justificado, já que não o somos). O salário mínimo é, em geral, pago pelas empresas. A aposentadoria, pelo governo. Entendeu? 
O governo veio com o saco de bondades de baixar ou eliminar o IPI para aquisição de veículos. Com a proposta de fazer girar a economia e provocar  crescimento. Pura falácia. O modelo está há muito esgotado. Não se gera desenvolvimento durante muito tempo com políticas de consumo. Isso se faz com investimentos, o que não tem ocorrido, e somos dos países que menos investem. O resultado está aí para quem se dispuser a ver. O intuito é apenas de arrecadação cada vez maior. 
O que isto está provocando é que se está "obrigando" o brasileiro a comprar carro - sabemos que é uma paixão do povo tupiniquim, infelizmente. Está "obrigando" ao endividamento pessoas e famílias, e os resultados já podem ser sentidos. Estão lotando nossas vias públicas indevidamente, com carros que não poderiam ter sido comprados. Além disso, não estão construindo o necessário delas. Somente na cidade de São Paulo é necessário construir pelo menos 10 quilômetros de vias por dia para suportar a entrada de novos carros na cidade. 
Sem contar os prejuízos ao meio ambiente, à qualidade de vida, o endividamento das famílias, a importação de combustíveis - já que a estatal ora incompetente e politizada não está conseguindo fazer o que sabe. Não a deixam. Ou seja, tudo é arrecadação para uns poucos fazerem com o "rico dinheirinho nosso de cada dia" o que bem entenderem, e para si. Não para o povo. Como está a educação se comparada à de 40 ou 50 anos atrás? Como está a saúde? E a segurança? E o saneamento básico que falta a 50% das casas brasileiras? E tudo o mais que deixamos para o leitor pensar. Não só os leitores. 
Assim, fica claro o que estamos expondo. É a arrecadação pela arrecadação. Nada mais. Puro individualismo às custas de uma massa inculta, a quem não interessa que façam progressos. E nós, somente nós, continuamos empobrecendo. Pobre povo, pobre País. 
E que ainda - em pleno século XXI, e de extraordinário sistema de comunicação nos dedos das mãos-, ainda se comporta de maneira medieval. Que ainda endeusa falsos profetas, os que procuram melhorar às custas alheias, não próprias.
Roberto Campos: "No Brasil a burrice tem passado glorioso e futuro promissor".

Samir Keedi, bacharel em Economia, é consultor, professor várias universidades, e autor de livros sobre comércio exterior

Fonte: Diário do Comércio
Por: Samir Keedi

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