quarta-feira, 17 de abril de 2013

É urgente mais investimento na infraestrutura



Que o Brasil precisa de investimentos para crescer pelo menos 3% em 2013 ninguém mais tem dúvidas. Nesta quarta-feira, as instituições consultadas pela pesquisa Focus, do Banco Central, esperavam a manutenção da taxa Selic em 7,25%, mas há novas apostas em alta, feitas nesta terça-feira.

Há o temor da “inflação do tomate” rondando, como antes houve a do chuchu. No entanto, é triste saber que, agora, é mais fácil levar milho para a China do que para Recife.

É que enquanto o Nordeste vê parte de seu rebanho ser aniquilada por falta de comida, numa das piores secas da região, o Brasil se transforma no maior exportador de milho do mundo.

A situação, um contrassenso, é mais um efeito devastador do caos logístico que assola o País. Produto há, o que não tem é transporte para levar o milho do Centro-Oeste para o Nordeste.

Apesar dos congestionamentos nos portos, tem sido mais fácil atravessar 17 mil km de oceano até a China do que transpor 3,5 mil km entre Sorriso, no Mato Grosso, e Recife, em Pernambuco.

Com a safra de soja à plena carga e estradas em péssimas condições, os caminhoneiros se recusam a levar o milho até as cidades nordestinas. Quando raramente aceitam, o preço do frete dobra o valor do produto.

Uma das justificativas, além das deficiências da malha rodoviária, é que, no transporte até os portos, o caminhão vai com soja e volta com fertilizantes, por exemplo.

Para o Nordeste, além de gastar entre oito e 10 dias, dependendo da cidade, de viagem, a carreta sobe cheia, com milho, e volta vazia. Junta-se a isso a nova lei dos caminhoneiros, que reduziu a carga horária dos profissionais e diminuiu a frota de veículos disponível para o transporte.

Para tentar resolver o problema no Nordeste, a Conab, do Ministério da Agricultura, decidiu fazer três leilões para aquisição do produto, com cláusulas que obrigam o vendedor a entregar o produto na região.

No primeiro, realizado no fim de março, o governo comprou 50 mil toneladas de milho por R$ 43,00 a saca - em Campinas, uma das referências nacionais, o preço é de R$ 25,00.

Durante anos, o Nordeste foi abastecido pela importação de milho da Argentina, de 15 em 15 dias. A partir de 1995, a compra foi suspensa, e os produtores passaram a adquirir milho do Centro-Oeste.

Em 2007, essa parceria terminou.

Hoje, o Brasil tem estoque de milho que não consegue fazer chegar a quem precisa, uma estupidez causada pela falta crônica de investimentos na infraestrutura.

No Rio Grande do Sul, como bem lembrou o presidente da Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (Fiergs), Heitor Müller, a indústria local só será competitiva se o governo aumentar os investimentos em infraestrutura, usando também dinheiro privado.

Segundo o líder, os governos gaúchos demonstraram que não têm verbas para fazer o que precisa ser feito e logo.

Os governadores sabem que investimentos são necessários, mas não têm condições financeiras. Antes de se expandirem, as empresas privadas gaúchas necessitam de apoio emergencial para sobreviver.

Então, temos o Custo-Brasil e o novo “custo gaúcho”, fruto de anos e anos de falta de recursos para investir em tudo o que é básico na logística estadual.


Fonte: Jornal do Comércio - RS

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