A indústria automobilística mostrou resultados expressivos em março e espera um crescimento da produção de 4,5% em 2013, segundo o presidente da associação das montadoras (Anfavea), Cledorvino Belini.
O que está em questão é se o quarto maior mercado do setor no mundo precisa de estímulos tributários para continuar produzindo, vendendo seus produtos e abarrotando o sistema viário.
Os números de março, distribuídos ontem pela Anfavea, são indicativos de uma distorção. A produção aumentou 39,2%, em relação a fevereiro, e 3,4%, em relação a março de 2012, mas os licenciamentos (ou seja, as vendas para os consumidores finais) evoluíram bem menos (respectivamente, +20,8% e -5,5%).
O resultado foi um aumento dos estoques nas montadoras e concessionárias, que passaram de 310,3 mil veículos, em fevereiro, para 330,5 mil, em março. Isso se explica por que, enquanto havia dúvida sobre a alíquota de IPI (que deveria aumentar), a indústria produziu mais.
Mas no final do mês, quando já se prenunciava a prorrogação da redução do IPI (anunciada pelo ministro da Fazenda dia 30/3), consumidores adiaram a decisão de compra.
A Anfavea admitiu que esperava um comportamento melhor das vendas de veículos em março. A entidade parecia prever que a regra do IPI fosse mantida.
Os argumentos do governo para manter os privilégios tributários são o peso do setor automobilístico na produção industrial e a geração de empregos.
Entre fevereiro e março houve um pequeno recuo no número de empregados nas montadoras, de 152 mil para 151,9 mil, mas, em relação a março de 2012, esse número aumentou 4,8%.
O benefício do IPI de fato fortalece o emprego nas montadoras. Os empregados do setor conquistaram situação de privilégio em relação aos das indústrias que não recebem incentivos fiscais.
O comportamento do mercado automotivo sugere a existência de outras distorções. Por exemplo, na comparação entre os meses de março de 2013 e 2012, houve uma queda de 26,9% na produção de motocicletas, segundo a entidade dos fabricantes (Abraciclo).
A retração foi de 25,1% entre os primeiros trimestres do ano passado e deste ano.
Mais do que flutuações mensais do mercado de veículos leves, o aumento das vendas internas no atacado de máquinas agrícolas e automotrizes - de 18% entre fevereiro e março e de 29,6% entre os primeiros trimestres de 2012 e 2013 - é um fato positivo, indicando a disposição de investir.
Nenhum comentário:
Postar um comentário