Há uma boa notícia: a indústria brasileira voltou a trilhar o caminho do crescimento.
De fato, após aumentar 0,8% em março, a produção industrial avançou 1,8% em abril.
E mais: todos os grandes setores da indústria apresentaram expansão da produção no mês que inicia o segundo trimestre deste ano, com destaque para bens de capital (3,2%) e bens duráveis (1,1%) - taxas calculadas em relação ao mês imediatamente anterior, com ajuste sazonal.
No entanto, alguns cuidados devem ser tomados na análise desses resultados. Em primeiro lugar, os índices de abril estão refletindo, em boa medida, a retomada da produção de bens de capital para transporte (caminhões) e, ainda, os incentivos fiscais para a produção de bens duráveis (veículos automotores). São fatores pontuais que não se repetirão na mesma intensidade.
Em segundo lugar, ao se comparar abril deste ano com o mesmo mês do ano passado, o expressivo aumento de 8,4% ocorreu, em parte, pela baixa base de comparação (a produção estava bastante reprimida no ano passado) e pelo maior número de dias úteis (dois dias a mais) em abril deste ano. Isso vale para o conjunto dos setores e ramos da indústria, para muitos dos quais a produção apresentou taxas de variação espetaculares (23,9% no ramo de veículos automotores; 18,1% no segmento de máquinas e equipamentos; e 11,7% no ramo de refino de petróleo e produção de álcool, entre outros).
Ou seja, os números de abril deste ano estão "inflados" por fatores pontuais, bem como refletem diferenças de calendário e de níveis anteriores muito tímidos da atividade da indústria. Além disso, vale observar que o movimento positivo da produção industrial em abril ainda não é generalizado: em 10 dos 27 ramos pesquisados pelo IBGE, a produção recuou ou ficou estagnada.
É mais provável que a indústria brasileira esteja crescendo a uma taxa mais modesta, menos intensa que a de abril e mesmo que a de março deste ano. A produção industrial deve estar evoluindo mais próxima ao crescimento do setor de bens intermediários, cuja produção subiu 0,5% e 0,4%, nessa ordem, em março e abril deste ano.
Isso porque, além de ter o maior peso, esse segmento pode ser tomado como o termômetro da indústria, já que seu desempenho reflete as compras no interior do próprio setor. Nesse novo caminhar, a produção da indústria brasileira fechará 2013 com alta de 2,5%, um indicador positivo, mas longe de ser vigoroso.
Fonte: O Estado de São Paulo - SP
Por: Rogério César de Souza **
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