Recursos superiores a R$ 780 bilhões, segundo dados oficiais, foram liberados pelo governo federal para os bancos públicos, desde 2009, com vistas a favorecer as políticas de sustentação da atividade econômica.
Os três principais agentes do crédito oficial - Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Caixa Econômica Federal (CEF) e Banco do Brasil (BB) - receberam verbas extraordinárias para emprestar a empresas públicas e privadas, e a pessoas físicas, a juros baixos, muitas vezes inferiores aos de mercado, subsidiando os tomadores. Só depois da taxa básica de juros ter sido elevada três vezes é que o BB começou a cobrar juros mais altos dessas empresas.
O Tesouro colocou papéis no mercado para injetar liquidez no BNDES, por exemplo, acarretando um custo para a dívida pública, sob a forma de subsídio aos tomadores escolhidos pelo banco. Esse custo será ainda maior do que o previsto se os tomadores dos recursos nos bancos públicos não pagarem as dívidas no vencimento, como já começa a ocorrer nas prorrogações de vencimento das dívidas das empresas do Grupo X, de Eike Batista, ou como já ocorreu com a LBR, que levou R$ 700 milhões para ser a "campeã nacional" na área láctea.
O Instituto Internacional de Finanças (IIF), uma associação baseada nos Estados Unidos e financiada pelos principais bancos globais, já manifesta preocupação com a qualidade dos ativos dos bancos públicos brasileiros, como mostrou matéria do jornalista Assis Moreira, no jornal Valor. O fato é que as instituições governamentais já aumentaram sua fatia na oferta de crédito de 36%, em 2008, para 48%, em 2012 - chegando agora perto de 50%. Em 2012, o crédito nos bancos públicos cresceu 25% e nos bancos privados, 7% em relação a 2011.
Segundo o IIF, "alguns analistas veem risco de alta na inadimplência nos bancos públicos brasileiros", como consequência dessas políticas. E, dada a concentração de empréstimos no BNDES, a inadimplência em poucas operações já terá, para o banco, maior magnitude do que querem fazer crer seus dirigentes.
Os bancos federais, por preceito legal, não estão sujeitos à insolvência. Mas, se tiverem prejuízos, terão de ser socorridos pela União, à custa das já mal equilibradas contas públicas. Como um todo, o sistema bancário brasileiro é bem capitalizado e eficiente. Está apto a enfrentar riscos próprios, mas não os decorrentes de políticas de governo.
FONTE: O Estado de São Paulo - SP
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