quarta-feira, 10 de julho de 2013

BRASIL PODE SER BENEFICIADO POR RECUPERAÇÃO AMERICANA



Os Estados Unidos se consolidaram como o principal país que contribuí para os Investimentos Estrangeiros Diretos (IED) do Brasil. De janeiro a maio a economia americana aportou US$ 3,8 bilhões, o que representou 22, 6% do total. Segundo especialistas consultados pelo DCI, a possível recuperação da situação econômica dos americanos pode ser tanto favorável quanto desfavorável para o resultado de investimentos estrangeiros diretos.

Para o professor João Branco, da ESPM Rio, se de fato houver um aumento de juros nos Estados Unidos pode haver uma mudança na escala de investimentos e os países preferirem aquela nação ao Brasil.

O professor também pondera que, por outro lado, um fortalecimento americano pode trazer benefícios para o País "se com a drenagem da liquidez tiver um processo de recuperação econômica o Brasil pode acompanhar".

Para o presidente do Instituto Fractal de Análises de Mercado, Celso Grisi, o Brasil deveria comemorar a recuperação americana, mas como estamos, na opinião dele, desorganizados institucionalmente, isso deve trazer resultados ruins. "A melhoria americana sensibiliza mais o investidor para o risco que corre o Brasil, tendo uma certa recuperação lá [nos Estados Unidos] o investidor prefere manter o capital lá", disse.

Dentre os principais investidores do Brasil de janeiro a maio, em segundo lugar estão os Países Baixos, seguidos por Luxemburgo. Os Estados Unidos ganharam participação neste ano, pois em 2012 tinham 20,3%. Os Países Baixos respondiam por 20,2% e Luxemburgo por 9,9%. No mesmo período de 2013 Luxemburgo respondeu por 11,5% do total e os Países Baixos por 18,2%.

O Brasil tem passado por dificuldades de atingir um crescimento mais expressivo do Produto Interno Bruto (PIB), no ano passado o indicador chegou a 0,9%. Neste ano, de acordo com o mercado, não deve passar de 3%.

Para Grisi, isso pode sim influenciar a entrada de capital estrangeiro no País. "A atratividade do Brasil reduziu-se muito, houve uma perda do tripé macroeconômico com aumento salarial abusivo, politica cambial em rota de correção, isso por si só já denuncia o fato de que os investidores que vinham em busca de recursos, e mesmo os de capital especulativo já viram que o Brasil não tem espaço para eles", colocou.

O professor do Instituto Brasileiro de Mercados de Capitais do Rio de Janeiro (Ibmec-RJ), Mauro Rochlin, também acredita que isso possa impactar nas decisões dos investidores mas ressalta que eles olham principalmente demanda e infraestrutura.

"Para as contas externas um cambio de R$ 2,3 ou R$ 2,4 seria ótimo. O câmbio não pode subir e a inflação vir atrás, a gente precisa de um câmbio mais alto para brigar com a concorrência externa, as coisas ainda não estão na melhor das condições mas as chances de uma recuperação são muito grandes", completou.

O especialista da ESPM vê o crescimento do PIB brasileiro como normal dentro do contexto internacional. "Hoje o FMI divulgou para baixo o PIB do Brasil mas isso vale para o mundo todo, praticamente em todo o mundo a estimativa foi revisada para baixo", disse, citando a revisão do Fundo Monetário Internacional (FMI), publicada ontem por meio de relatório, que prevê um crescimento de 2,5% na economia brasileira neste ano e de 3% no próximo.

Protestos

Segundo o presidente da Fractal, os protestos que o País tem vivido no último mês podem sim afetar a percepção dos estrangeiros em relação as condições do Brasil. " Isso mostra uma instabilidade muito forte e também uma deterioração institucional", completou. O professor do Ibmec acredita que as consequências das manifestações populares não devam ser tão graves.

"Se as manifestações tiverem essa característica democrática não vejo porque o investidor estrangeiro se preocupar com isso", completou.



Fonte: Diário do Comércio e Indústria

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