Os sinais do Banco Central (BC) de aperto na política monetária já tiveram efeito na pesquisa Focus de sexta-feira: o crescimento esperado do Produto Interno Bruto (PIB) de 2013 caiu de 2,31% para 2,28% e o do PIB de 2014 caiu muito mais, de 2,80% para 2,60%.
É o que estimam as consultorias econômicas consultadas semanalmente pelo BC. Um controle monetário mais apertado tende a desencadear uma desaceleração maior na atividade econômica. Se a desaceleração já estava em curso, o efeito de juros em alta sobre o produto bruto poderá ir além do que se pretende.
Num ano eleitoral como 2014, o efeito da queda do produto que a Focus estima pode ser pesado. Se o crescimento do PIB for 2,6%, a média anual do quatriênio Dilma Rousseff será de cerca de 2%. Porcentual que não bastará, provavelmente, para assegurar um aumento da demanda de mão de obra e uma alta real de salários como se viu nos últimos anos. Mesmo o melhor marketing dificilmente esconderá os fatos.
Mas, em contraste com o que possa parecer, não há pessimismo nas respostas à pesquisa Focus. Os consultados, em média, já esperam que a inflação oficial deste ano seja algo menor - o IPCA estimado para 2013 caiu de 5,80% para 5,75% e o de 2014, de 5,90% para 5,87%. Também admitem que o BC avançará no ajuste monetário apenas nas duas próximas reuniões do Copom, elevando a taxa básica a 9,25% ao ano, até dezembro. Para 2014, a taxa básica esperada caiu de 9,50% ao ano, na semana passada, para 9,38% ao ano.
Antes da divulgação do IPCA-15 de julho (com alta de apenas 0,07%), mais analistas admitiam que o ciclo de alta de juros pudesse elevar a taxa básica a 9,5% ou mais.
De fato, na história da Focus, muitas projeções se mostraram erradas. Há um ano (20/7/2012), a expectativa era de que o PIB de 2012 crescesse 1,9% e o de 2013 fosse de 4,1% - hoje, isso parece um arroubo de otimismo. A taxa prevista de câmbio era de R$ 1,95 para 2013 e 2014 e já estava em R$ 2,23 ontem. A taxa Selic esperada para 2013 era de 8,5% em dezembro. Mais do que números exatos, a pesquisa indica tendências - e estas refletem o humor com o presente e com o futuro próximo.
Inegável é a deterioração de expectativas, como admitiu o presidente do BC, Alexandre Tombini, ao falar da necessidade de "fortalecimento da confiança", em entrevista ao Estado de domingo. O que parece mais difícil, à luz da pesquisa Focus, é restabelecer a confiança.
Fonte: O Estado de São Paulo - SP
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