quinta-feira, 4 de julho de 2013

O mercado de commodities e a balança comercial

A balança comercial do primeiro semestre apresentou déficit recorde de US$ 3 bilhões e, no que depender das commodities, não será surpresa se os resultados do segundo semestre decepcionarem.

Nos primeiros seis meses do ano, os produtos primários - soja, milho, minério de ferro, café, entre outros - responderam por 47,6% das exportações, porcentual idêntico ao do primeiro semestre do ano passado. Ou seja, a contribuição dos primários é essencial para preservar as vendas externas.

Mas, segundo dados oficiais, os preços de commodities como soja em grão, minério de ferro e café apresentavam leve queda até meados de junho. Ainda pior, algumas análises mais recentes apontam para um cenário internacional menos favorável às commodities, justamente num período em que o Brasil depende de maiores exportações desses produtos para recuperar o equilíbrio da balança comercial.

Entre os fatores negativos mais evidentes para as cotações de commodities estão a alta dos juros nos Estados Unidos, antecipando-se a medidas previsíveis de contenção monetária, e a desaceleração superior à esperada na China. A remuneração dos títulos do Tesouro norte-americano de 10 anos aumentou, entre 2 de junho e 2 de julho, de 2,12% ao ano para 2,46% ao ano. Na China, responsável por quase uma quarta parte das exportações brasileiras, os mais pessimistas já admitem que o crescimento do PIB poderá cair à casa dos 6%, neste ano, contra cerca de 10% ao ano, na última década.

Entre maio e junho, o Índice de Commodities Itaú registrou uma queda de 1,3%, liderada por metais básicos. Além disso, as perspectivas para o milho já não são tão favoráveis, dado o aumento além do previsto da área plantada nos Estados Unidos. Maior oferta poderá deprimir as cotações. Também se espera uma produção maior de soja, embora, no curto prazo (isto é, neste mês), tanto as cotações de milho como as de soja ainda mostrem resistência.

O Brasil dispõe de condições extremamente favoráveis para a produção de commodities - e também de semimanufaturados como açúcar e celulose -, mas depende do comportamento dos mercados internacionais. No caso das commodities alimentares, os riscos parecem ser menores, porque a demanda não poderá cair muito. No caso das demais commodities, não há muito a fazer.

Quaisquer dificuldades adicionais às exportações primárias, inclusive logísticas, poderão custar caro à balança comercial deste ano.


Fonte: O Estado de São Paulo - SP

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