terça-feira, 23 de julho de 2013
TERMINAIS INVESTEM EM TECNOLOGIA EM SANTOS
Poucas semanas após a publicação da nova Lei dos Portos, a modernização de terminais em funcionamento nas áreas públicas já começa a gerar oportunidades de negócios e grandes movimentações financeiras.
O Ecoporto Santos, por exemplo - ligado à gigante do setor de infraestrutura Ecorodovias e que funciona dentro do Porto de Santos, o maior da América Latina - deverá investir, até o fim deste ano, R$ 75 milhões em equipamentos. A quantia deverá envolver três contêineres, seis RTGs e 33 terminais tractors, veículos planejados especialmente para o tráfego em portos.
Os investimentos serão somados aos R$ 5 milhões investidos em sistemas operacionais também neste ano, e a R$ 15 milhões aplicados nos últimos três anos.
Em entrevista exclusiva ao DCI, o presidente do Ecoporto Santos, José Eduardo Bechara, esclareceu que os investimentos visam diretamente a agilidade das operações dentro do terminal. "Estamos tentando acelerar os processos para aumentar a produtividade", disse.
Sobre as novas oportunidades, geradas pela Lei dos Portos, Bechara ainda não afirma qualquer intenção da empresa, mas não descarta a entrada em novos empreendimentos. "O grupo está atento a todas as licitações, vamos analisar e avaliar todas as possibilidades", declarou.
Serviço
Na esteira dos investimentos feitos por terminais, empresas que oferecem soluções tecnológicas para acelerar processos também apostam em altos índices de crescimento em 2013.
A HTS Brasil, por exemplo, empresa do Ergos Group e braço da israelense HTS - especialista em tecnologia para reconhecimento de dados, vê um crescimento de 34% em 2013, na comparação com 2012. A empresa, que oferece aos terminais soluções como a automatização de portões e de posicionamento de contêineres, pretende elevar o faturamento anual de R$ 26 milhões para R$ 35 milhões. "Isso é decorrente de contratos com terminais em Manaus, e São Paulo, além do serviço que executamos na Arena Independência, em Belo Horizonte", esclareceu o vice-presidente da HTS Brasil, Maxwell Rodrigues, em entrevista ao DCI.
"No caso dos portos, um fator impactante é o prazo de admissão de caminhões. Hoje um terminal gasta cerca de 10 minutos para admitir um caminhão em um gate. Quando se automatiza, conseguimos chegar a 3 minutos, triplicando a eficiência do processo", destacou Rodrigues. "Além disso, temos a automatização do posicionamento de contêineres, diminuindo a necessidade de movimentação da carga", completou.
Porto de Santos
Os investimentos, entretanto, poderiam ser menores e mais eficientes, de acordo com especialistas ouvidos pelo DCI, caso houvesse alterações estruturais no Porto de Santos.
Uma pesquisa desenvolvida pelo Instituto de Logística e Supply Chain (Ilos) mostrou que o Porto de Santos ficou em penúltimo lugar em uma avaliação de investimentos nos 12 maiores complexos portuários do País. O estudo listou deficiências nos acessos viários, insuficiência em armazenagem e burocracia como os principais problemas do cais santista.
"Foi uma avaliação feita por usuários do Porto de Santos, que embarcam e desembarcam mercadorias frequentemente", explicou o diretor do Instituto Ilos, Paulo Fleury. "Nesses quesitos, Santos foi apontado como o segundo pior porto do País, à frente apenas do Porto de Salvador", complementou.
O especialista explica que os problemas destacados pelos usuários reduzem a eficiência dos investimentos feitos pelas empresas que operam terminais dentro do porto. "As empresas poderiam ter feito investimentos menores com melhores resultados se o porto funcionasse adequadamente. Isso é uma responsabilidade do governo", opinou . "Em vez disso, temos congestionamentos enormes, caminhões que param na frente dos trens . É uma desorganização muito grande", concluiu.
O presidente do Ecoporto Santos afirma, porém, que algumas medidas adotadas pela Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp), atualmente presidida por Renato Barco, têm surtido efeito. "O agendamento para carga e descarga, por exemplo, é um processo antigo que funciona bem. Só deixa de funcionar em casos extremos, como nas paralisações que aconteceram recentemente", disse Bechara. O Ecoporto chegou a ficar 12 horas parado no último dia 11 de julho, ocasião em que houve uma greve de estivadores.
Bechara também se mostra otimista com relação às obras de acesso à região portuária do litoral paulista. "Acredito que com as obras que estão em andamento teremos melhorias para o fluxo viário. A conclusão da Avenida Perimetral, por exemplo, com a inauguração de um túnel, deve melhorar o acesso", disse.
A assessoria de imprensa da Codesp informou que "desconhece a base dessa pesquisa". A Companhia também contesta a comparação feita entre o Porto de Santos e o Porto de São Francisco do Sul (SC), que tem uma movimentação de cargas bastante inferior.
A Codesp destaca ainda que o porto cresceu 14% no primeiro semestre de 2013, na comparação com o mesmo período do ano passado. Além disso, destacou o início recente das operações da Embraport, da Odebrecht, e a expectativa para o início das operações da Brasil Terminal Portuário (BTP).
A margem direita da Avenida Perimetral está quase concluída, falta apenas um pedaço, chamado de reta do alemão, no trecho inicial. A perimetral da margem esquerda também deve ter a primeira fase concluída em agosto. Já foi entregue o ciduto da margem esquerda que elimina a interferência entre os dois modais.
Além disso, a Codesp destacou as obras em andamento da Avenida Perimetral, que deverão eliminar as interferências entre os modais ferroviário e rodoviário, e a contratação, até o fim do ano, de um serviço de monitoramento de navegação para gerenciar a chegada e saída de navios do porto, reduzindo o tempo de espera.
Fonte: Diário do Comércio e Indústria
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