O transporte público por ônibus em Porto Alegre virou um verdadeiro “samba do crioulo doido”, antiga expressão para identificar uma grande confusão e que talvez tenha que ser atualizada para “samba do afrodescendente insensato”.
A última notícia foi protagonizada pelas empresas transportadoras, que anunciaram que vão brigar com a prefeitura e se queixaram de prejuízo, porque os carros-reserva saíram da planilha de custos.
Ora, se não é insensatez insistir em cobrar por carro parado. Ainda mais numa planilha que deve cobrar sempre e totalmente por um ar-condicionado que só existe em 10% da frota e só é ligado no verão.
E por empresários que historicamente foram beneficiados pelo poder público: ou já se esqueceram do plus tarifário?
Uma excrescência contábil criada num dos quatro governos do Partido dos Trabalhadores, pela qual os passageiros pagaram a renovação da frota das empresas e da Carris.
Do outro lado, por causa da leniência dos vereadores situacionistas, ativistas políticos invadiram a Câmara de Vereadores para, no fim da festa (que teve crianças como escudo no início e nu frontal no fim), arrancarem à força dois projetos de lei que beneficiariam os usuários de transporte.
Muito curiosamente, a Brigada Militar não teve condições (na verdade não quis) de devolver a Câmara aos seus legítimos ocupantes.
Mas, o mais incrível, é que os ditos ativistas obtiveram o apoio e até o assessoramento de vereadores de oposição, os quais, presume-se, juraram honrar a Constituição quando assumiram.
E o papel do prefeito José Fortunati (PDT) no episódio? Ele respeitou decisões da Justiça e fez o que podia, agindo sobre o Issqn local, que é da sua competência, e levando o problema para a Associação Brasileira de Municípios, a qual preside.
Mas os (arrogantes) invasores resolveram entregar cópia dos seus projetos e anunciaram o desejo de audiência com o prefeito de Porto Alegre. Bem fez Fortunati em responder que ele é dono de sua agenda, conforme o Jornal do Comércio noticiou na edição de 19 de julho, negando encontro com representantes do autointitulado Bloco de Luta pelo Transporte Público.
Afinal, crime travestido de molecagem não pode ser confundido com cidadania.
Jornalista e escritor
Fonte: Jornal do Comércio - RS
Por: Sérgio Becker **
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