quinta-feira, 3 de outubro de 2013

Fatos negativos pesaram mais no comércio exterior

Com exportações de quase US$ 21 bilhões e importações de US$ 18,8 bilhões, a balança comercial de setembro registrou um superávit pouco superior a US$ 2,1 bilhões, reduzindo de US$ 3,8 bilhões para US$ 1,6 bilhão o déficit dos primeiros nove meses deste ano. É possível que o déficit (diferença entre exportações e importações) seja eliminado e 2013 termine com um pequeno superávit, estimado em US$ 2 bilhões na pesquisa Focus, do Banco Central. Mas parecem ser episódicos os fatores positivos do comércio exterior.

Primeiro, entre agosto e setembro, as exportações de petróleo aumentaram U$$ 466 milhões, enquanto as importações de petróleo diminuíram US$ 365 milhões - ou seja, por aí o superávit foi alavancado em US$ 831 milhões. No mesmo período, o superávit no comércio com a Argentina cresceu US$ 753 milhões. Ou seja, petróleo e Argentina explicam quase US$ 1,6 bilhão ou 73,7% do superávit do mês passado. Mas, nos dois casos, é difícil de prever se esses fatores poderão se repetir nos próximos meses.

O terceiro fator de recuperação do saldo comercial é a desvalorização do real. Mas, avalia o Ministério da Indústria e Comércio, o impacto do câmbio foi maior na importação - que registrou um recuo de 2,2%, em relação a agosto - do que na exportação. O País já importa menos bens de consumo.

Comparando os primeiros nove meses do ano com os de períodos passados, a balança comercial teve o pior resultado desde 1998, auge da crise cambial russa seguida pela crise do Sudeste Asiático, afetando o conjunto dos países emergentes.

E as exportações brasileiras, hoje, estão cada vez mais dependentes dos produtos básicos - estes representaram, em setembro, 50% das vendas totais, liderados pela soja em grão, farelo de soja, carne bovina e minério de ferro, enquanto as vendas de manufaturados caíam 11%, pelo critério de média diária. As quedas foram lideradas pelo etanol, o açúcar refinado, aviões, motores e geradores elétricos e autopeças.

O efeito cambial poderá ter impacto favorável mais forte a médio prazo sobre as exportações. Mas o câmbio ainda oscila demais, atrapalhando as decisões dos exportadores. Após a depreciação de 4,5% de agosto, o real valorizou-se 6,75% em relação ao dólar em setembro.

Exportações dependem de câmbio, produtividade, tributação, sistema logístico, etc. Sem políticas eficientes, o governo mais dificulta do que estimula as exportações.


 O Estado de São Paulo - SP

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