quinta-feira, 3 de outubro de 2013

Tech Mahindra, da Índia, planeja adquirir companhias brasileiras


A Tech Mahindra, braço de serviços de tecnologia da informação (TI) do grupo indiano Mahindra, está interessada em fazer aquisições para ganhar terreno no Brasil. Entre os potenciais alvos estão desde companhias de serviços que possam complementar sua atuação no país, até companhias de projetos de engenharia, uma área em que a Tech Mahindra tem forte atuação internacional. "Queremos reforçar nosso crescimento com clientes dentro do Brasil, sem deixar de lado a oferta de serviços no modelo 'offshore' [pelo qual o atendimento é feito a partir a partir de outros países]

" disse ao Valor Alberto Rosatti, que comanda os negócios da companhia no país.

A estratégia de comprar empresas locais começou a ser implementada no começo do ano. Em fevereiro, a companhia anunciou um acordo para comprar 51% da Complex IT, especializada em sistemas da alemã SAP. O valor do negócio não foi revelado. A operação, segundo Rosatti, será um dos principais pontos de apoio para a Mahindra atingir a meta de triplicar as vendas no Brasil neste ano. A expectativa é chegar a uma receita de R$ 120 milhões, frente aos R$ 40 milhões registrados em 2012.

Para o ano que vem, a expectativa é ter um crescimento de pelo menos 25%, como resultado das operações próprias. Entre os negócios previstos para 2014 está a operação de toda a infraestrutura de tecnologia da Copa do Mundo de Futebol, organizada pela Fifa. O contrato foi um dos resultados da incorporação da concorrente indiana Satyam, em 2009. Segundo Rosatti, a expectativa é contratar pelo menos 80 funcionários para atender à demanda da Copa por um período de até cinco meses.

O crescimento no Brasil, no entanto, pode ganhar mais impulso dependendo do porte da aquisição que a companhia fizer no país, disse o executivo. A procurar por candidatos vai começar de forma ativa em janeiro. "Temos falado com muita gente, mas, no momento, estamos ocupados com a integração da Complex", disse Rosatti.

Nos últimos três anos, várias companhias de serviço de TI no Brasil foram alvos de aquisições por parte de grandes grupos internacionais. A CPM Braxis foi arrematada pelos franceses da Capgemini e a Politec foi incorporada à espanhola Indra. Mais recentemente, a Itautec vendeu sua divisão de serviços para a japonesa Oki. Apesar disso, Rosatti disse acreditar que ainda existem alvos interessantes para compra. "Podemos comprar uma companhia que tenha uma especialização em sistemas Oracle, por exemplo", afirmou.

Empresas de serviços não são o único objetivo da Mahindra. Entre os negócios possíveis também está a aquisição de departamentos de tecnologia inteiros de grandes companhias. Nesse tipo de acordo, conhecido como terceirização de processos de negócios, ou BPO, a companhia assume toda a infraestrutura de TI do cliente, para o qual passa a prestar serviços.

A estratégia de aquisições no Brasil faz parte do plano de crescimento da Mahindra para os próximos anos. A companhia, que tem uma receita global de aproximadamente US$ 3 bilhões, pretende chegar a US$ 5 bilhões em 2015. "Chegar lá sem aquisições será muito difícil", disse Rosatti.

Nos últimos três anos, a Tech Mahindra ficou fora dos holofotes no Brasil. O período coincidiu com o processo de incorporação da Satyam, adquirida depois de um episódio que ficou conhecido como a maior fraude empresarial da Índia. Durante seis anos, a Satyam alterou seus balanços para mascarar um desempenho fraco e gerar um saldo de caixa fictício de US$ 1 bilhão. Com os negócios em descrédito, a companhia foi vendida para a Tech Mahindra e passou a ser chamada de Mahindra Satyam. Em junho os negócios foram unificados.

Ontem, foi anunciado o início das operações no Brasil da Mahindra Comviva, companhia do grupo Mahindra que presta serviços na área de mobilidade.


Valor Econômico - SP
Gustavo Brigatto

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