quinta-feira, 10 de julho de 2014

APESAR DE PROJETAR QUEDA, SETOR AUTOMOTIVO ESTÁ MENOS PESSIMISTA


A maré de pessimismo do mercado automotivo deve diminuir gradativamente nos próximos meses. Com as projeções oficiais do setor traçadas para o ano - ainda que de baixa tanto da produção quanto das vendas -, as empresas da cadeia agora devem se programar para manter a produtividade em níveis mínimos e recuperar as perdas resultantes principalmente do efeito Copa do Mundo e da crise na Argentina.
"A partir de agora, o setor precisa ser realista e correr atrás do prejuízo. O segundo semestre é sempre mais aquecido e neste ano não será diferente. O pior já passou", afirma o diretor da consultoria automotiva MSXI, Arnaldo Brazil. O presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Luiz Moan, compartilha da mesma opinião. "As turbulências que pairaram sobre o setor neste primeiro semestre estão sendo superadas e o viés agora é de crescimento", afirmou o executivo durante o balanço semestral da entidade nesta segunda-feira (7).
De acordo com o analista do setor automotivo da Tendências Consultoria, Rodrigo Baggi, alguns fatores devem contribuir para uma melhora do cenário para o segundo semestre, como o avanço pós-Copa, a prorrogação do Imposto Sobre Produtos Industrializados (IPI) reduzido, dissipação de incertezas e acomodação dos preços (câmbio, o próprio IPI, itens de segurança e reajuste de siderúrgicas).
"O cenário para planejamento de 2015 está muito mais claro tanto para empresas como para as famílias", afirma Baggi. Porém, para o ano, a consultoria mantém uma projeção de queda das vendas em 6%, principalmente devido ao desempenho extremamente negativo do segundo trimestre. "As perspectivas para a atividade econômica no curto prazo não são animadoras", destaca.
A Anfavea anunciou ontem a revisão das projeções do setor para 2014. Segundo a entidade, as vendas de veículos devem registrar queda de 5,4% em relação a 2013, para 3,5 milhões de unidades. Já a produção deve retrair 10% na mesma base.
"Esse momento ruim das montadoras é amplificado pelos mercados interno e externo muito debilitados", pondera Baggi. A projeção da Tendências é um pouco mais negativa para o ano, de queda de 6% para as vendas e 12,8% para a produção.
Para o analista da MSXI, o efeito Argentina ainda deve perdurar por um tempo. "A produção continua afetada pelo mercado vizinho", afirma Brazil. Porém, ele acrescenta que o acerto entre os dois países deve garantir a normalidade do fluxo de veículos no médio prazo. "As exportações devem se estabilizar", destaca.
O acordo automotivo entre Brasil e Argentina, que entrou em vigor no último dia 1º de julho e deve vigorar por 12 meses, prevê o retorno do sistema flex, que garante a exportação, sem taxas, de US$ 1,5 em veículos brasileiros para cada US$ 1 argentino vendido ao País. Até lá, a expectativa é que um novo tratado bilateral seja firmado entre os dois países.
Demissões
O especialista da MSXI acredita que o momento é de acomodação na indústria automotiva. "O que tinha de ser reduzido já foi. Com as perspectivas de melhora do cenário para o segundo semestre, o nível de empregos deve se manter", explica Brazil.
Segundo a Anfavea, o setor encerrou junho com 151,54 mil empregados, recuo de 3,1% na comparação anual. "A indústria não deve demitir muito mais, porque se trata de mão de obra altamente especializada e muito cara para ficar 'trocando'", pondera Brazil.

Fonte: Diário do Comércio e Indústria
08/07/2014

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