quinta-feira, 31 de julho de 2014

Governo brasileiro está mais preocupado com recessão na Argentina do que com calote técnico


O governo brasileiro avalia que o calote técnico da Argentina preocupa menos do que o quadro recessivo no país vizinho, com inflação anual em torno de 25% e previsão de crescimento negativo do PIB neste ano. Isso significa que os argentinos, que já não têm crédito no mercado financeiro mundial para pagar suas importações, terão ainda menos dinheiro para comprar do Brasil. Dados do Siscomex mostram que, de janeiro a junho deste ano, as exportações brasileiras para a Argentina somaram US$ 7,415 bilhões, valor 20,42% menor do que o registrado no primeiro semestre do ano passado. As vendas de automóveis para aquele mercado caíram em torno de 30%. Na outra ponta, as importações, de cerca de US$ 7 bilhões, retrocederam 20,05%. Os argentinos já não têm acesso ao mercado internacional. A questão de financiamento para o comércio não deve afetar em nada, em termos de recursos. O problema é que há um ajuste grande na Argentina, devido ao baixo crescimento, que tem como consequência o enfraquecimento do comércio - comentou uma fonte da área econômica. Outra fonte do governo comentou, nesta manhã, que o Brasil pouco tem a fazer para ajudar a Argentina. Qualquer tipo de repasse de dinheiro teria de ser via comércio exterior. Compra de títulos do país não poderia ocorrer, porque os papéis não atendem aos requisitos de qualificação de risco. Esse quadro deve afetar negativamente as expectativas do exportador brasileiro - reconheceu essa fonte. Continua sobre a mesa a proposta brasileira de adequar o Fundo de Garantia à Exportação (FGE), vinculado ao Ministério da Fazenda, para cobrir o risco cambial no comércio com o país vizinhos, desde que as operações envolvam empresas do Brasil. Como os argentinos não possuem fontes de recursos para honrar o pagamento de suas importações, o fundo faria uma espécie de blindagem dos bancos que financiam as exportações, protegendo-os da inadimplência dos importadores e tirando esse encargo do Banco Central. Os argentinos não nos fizeram qualquer solicitação de apoio. O que eles [os técnicos da equipe econômica argentina] dizem é que querem evitar a todo custo qualquer tipo de risco com a dívida reestruturada - comentou um técnico.
O Globo
31/07/2014

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