sábado, 23 de agosto de 2014

Economia em conta-gotas (tuitadas)

Do modo como vai a economia nacional nossos artigos "Brasil: Buraco 2020" e "Brasil 2020-O retorno", acabarão sendo visionários, infelizmente. A situação econômica chegou a um ponto sem retorno e só uma mudança radical, como nunca antes neste País, o que temos escrito, pode nos dar uma mínima chance.

É preciso começar por retirar o governo da economia, privatizar tudo – pois é a iniciativa privada que gera crescimento econômico. O governo continua destruindo empresas estatais, reduzindo sua capacidade de investimento, tirando cada vez mais delas para fechar suas contas. O governo precisa entender que deve parar de atrapalhar as empresas, tanto estatais quanto privadas, e em especial entender que somos uma economia capitalista, e assim devemos continuar.

E precisamos praticar capitalismo de fato, pois no Brasil o capitalismo é sem risco: se a empresa ganha é dela, se perde ela pede ao governo incentivos e subsídios. E a sociedade paga, o que é uma maravilha!

O déficit nas transações correntes do Brasil em 2013 foi de US$ 81 bilhões, e em 2014 a previsão é de US$ 80 bilhões. Portanto, é o caos se alastrando. Infelizmente, estávamos totalmente certos há alguns anos, dizendo que o governo é péssimo, que a economia estava sofrendo um momento terrível, inflação fora de controle etc.

A taxa de juros Selic continua muito acima do resto do mundo, mais de 11%, permanecendo a mais alta do planeta em termos nominais e reais. Assim, só podemos continuar dizendo "pobre Brasil"...em investimentos e consumo. No primeiro trimestre de 2014 nosso desempenho econômico foi medíocre, com o consumo das famílias em -0,1%; investimento em - 2,1%, a indústria -0,8% – e este governo falando em crescimento e culpando o restante do mundo...

Voltamos a ter estagflação, que é estagnação com inflação, e nosso PIB de 2014 ficará longe dos 2% projetados, ficando em 1%. E este governo terá média de crescimento abaixo de 2% ao ano. Isso significa redução real absoluta do nível de vida geral para o todo (não individual), pois o crescimento da população é maior do que isso. Com tudo que estamos vendo deste medíocre (des)governo tudo está completamente comprometido, ficando uma pequena esperança, talvez, para 2016-2017.

Portanto, caminhamos rumo à quarta década perdida desde 1981, ou seja, quase 2 gerações perdidas, com a maioria da população ainda não sabendo o que é crescimento de fato.

Com a inflação em alta, o déficit público crescendo, o investimento do governo em relação ao PIB não se movendo, é o caos absoluto. Assim, percebe-se cada vez mais que 2014 e 2015 já se perderam de fato para o crescimento, inflação, investimento, dívida interna, governabilidade etc. Este governo encerra o mandato com a menor taxa de crescimento de toda a era republicana, excetuados os governos Floriano Peixoto e Fernando Collor. Com este governo, além da terceira pior taxa de crescimento do período republicano, ele é também só 61% do crescimento da América Latina entre 2011-2014.

Pibis Parvus(PIB pequeno) – e só o governo não percebe que o crescimento pelo consumo se esgotou há muito, e que crescimento se faz com investimento. Até o Banco Central cortou a previsão do PIB de 2014 para 1,6%, por enquanto. O Banco Mundial também já reduziu nosso crescimento em 2014 para 1,5%, que em janeiro era 2,4%. No crescimento de 2014 vamos ganhar apenas da Argentina e da Venezuela na América do Sul – por enquanto.

E também temos que aprender que para crescer 5% ao ano é necessário investir 25% do PIB; para chegar a 7% investir 30%, e não deixar mais a média de investimento do Brasil em 18%, como entre 1995-2013. A China cresceu à média de 10% ao ano entre 1979-2013, porque investe na média 40% a 45% do seu PIB. Assim, é muito simples explicar a diferença entre China e Brasil. De acordo com a escola suíça IMD, em pesquisas com executivos, caímos para 54ª colocação em competitividade, entre 60 países analisados. Nem poderia ser diferente.

E após a China, com crescimento médio de 10% ao ano desde 1979, e a Índia crescendo 7% ao ano desde 1997, será que dará Brasil no século 22?

O brasileiro trabalhou de 01/01 até 31/05 apenas para pagar impostos, sem contar o restante a pagar, já que o governo não retorna quase nada. Poucas vezes se viu no Brasil uma política econômica tão errática como a que temos visto nos últimos anos; é só vai e volta, vai e volta...

E após 35 anos voltamos a ser um país que vende basicamente itens primários, que são mais de 50% da exportação, sem industrializar e criar empregos. A exportação de industrializados cai a olhos vistos e os primários já passam dos 50%,fazendo a indústria entrar, há anos, em queda livre, e quase desaparecer.

A Argentina supera São Paulo como centro financeiro. Mesmo com a crise da dívida, Buenos Aires sobe 21 postos no ranking global do setor. Assim, a Argentina está em 25º lugar, enquanto São Paulo está em 38º e o Rio de Janeiro em 45º, em mais uma vergonha econômica para o País.

Samir Keedi é professor da Aduaneiras, de pós- graduação, mestre, economista, autor de vários livros em comércio exterior.samir@multieditoras.com.br - twitter.com/samirkeedi
23/08/2014

2 comentários:

  1. Muito boa a materia. Embora eu concorde em quase tudo, há alguns pontos que são um pouco pessimista, pois estamos por uma grande crise globa e no caso da industria todos os países estao sofrendo um deficit industrial, pois a china é a grande fabrica do mundo.

    Aluno: Fábio Alexandre Neves Saraiva
    4° semestre Comex manhã - Fatec Zona Leste

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  2. So assim para ver como nosso país vai mau das pernas,nossa economia é uma piada de mau gosto,eu não sabia que nós é que arcamos com o prejuizo das emprezas quando não dá ,certo.
    Brasil patria mãe de todos pois conforme o seu artigo só aqui acontece isso uma empresa como um filho mimado,dá errado e a sociedade paga.
    Estamos caindo,o brasileiro trabalha para pagar imposto,não vê nada de investimento nosso PIB caindo,um país sem avanço nas exportações,sem condições de crescimento,não quero perder o pique mas fiquei bem decepcionado como nosso país esta caminhando.
    Rhodrigo Giovanni,1ºCOMEX-ZL-TARDE-FATEC

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