Há pouco tempo escrevemos aqui o artigo "Comércio exterior brasileiro:
quando começa?", muito bem aceito por muitos que militam nessa
maravilhosa área. Nesse artigo perguntávamos quando é que a atividade já
teve alguma importância no País. E nós mesmos respondemos: nunca. Nosso
comércio exterior é muito amador em certas circunstâncias.
E agora, há poucos dias, participamos de um excelente evento do
Ceciex, entidade que congrega as empresas comerciais exportadoras, em
conjunto com a área de comércio exterior da ACSP – Associação Comercial
de São Paulo e com o IPT – Instituto de Pesquisas Tecnológicas,
localizado na Cidade Universitária, órgão da Secretaria de
Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação do Estado de
São Paulo, nas dependências do IPT.
O evento poderia ter sido realizado na ACSP, como muitos que lá se
realizam e dos quais participamos. Mas a ideia desse encontro era ser
muito mais prático do que teórico, mostrando aos produtores e
exportadores as imensas possibilidades de profissionalização da sua
produção e venda ao exterior.
O evento nos deixou muito impressionados, de tal forma que, fugindo
um pouco ao nosso estilo de escrever sobre o geral, resolvemos escrever
sobre o particular. Embora façamos isso poucas vezes, não é a primeira
vez que ocorre. Já o fizemos em outras oportunidades – a última delas
para exaltar, coincidentemente, também a ACSP, em seu evento sobre as
Empresas Comerciais Exportadores em 2013. Um evento excelente, em que
ficou evidenciada a incapacidade dos profissionais do governo em ajudar,
e sua grande capacidade de atrapalhar. Sem falar no desconhecimento de
parte deles sobre o setor.
Desta feita, queremos exaltar o IPT e demonstrar a sua capacidade de
ajudar o comércio exterior brasileiro. Ficamos mais que satisfeitos com
o que vimos e ouvimos. Além disso, havia uma boa plateia, bastante
especializada, que estava ali sabendo porque deveria estar.
Tivemos três excelentes palestras retratando o comércio exterior
brasileiro e sua importância no mundo – que é quase nula – além de sua
representatividade para o próprio PIB(Produto Interno Bruto) do País.
Que está muito aquém da importância possível e cuja média mundial é de
cerca de 50%, nas duas vias, exportação e importação, o que representa
2,5 vezes a brasileira.
Sem contar que há países que têm muito mais significância, como por
exemplo Netherlands (os Países Baixos), que fazem 150% do seu PIB em
comércio exterior. O PIB deles é de 722 bilhões de dólares, exportam 576
bilhões e importam 511 bilhões.
Isso é exemplo de economia saudável. E tudo com uma população de
apenas 17 milhões de almas, sendo que a força de trabalho é de oito
milhões de pessoas.
Muitas das mercadorias brasileiras de
exportação não têm como competir internacionalmente. Em especial nossos
industrializados, que só podem ser vendidos a uns poucos países. Temos
contra nós muitas variáveis, principalmente nossa matriz de transporte,
que torna nosso sistema logístico um dos piores do planeta, quiçá da Via
Láctea...
Também temos a questão da mão de obra na área, que é muito ruim.
Como costumamos dizer e escrever, temos aqui uma lojinha de "1 e 99",
isto é, em que 1% dos profissionais sabe o que faz, enquanto 99% apenas
fazem. E vão em frente até o primeiro problema acontecer – e aí a coisa
pára. Quando não, vai-se em frente causando prejuízos e problemas muitas
vezes insolúveis. Temos também, como dito, o próprio produto, que nem
sempre cumpre as especificações adequadas, ou mínimas para sua
exportação.
Nessa excelente palestra do IPT-ACSP, conhecemos a competência
dessa instituição e o que podem fazer pelos produtos produzidos em
nosso território. Tanto para o mercado interno, quanto para o externo,
mas que não são usados, a não ser por poucos. Talvez o problema seja o
desconhecimento do que o IPT pode fazer. Talvez até um problema de
divulgação.
Após as palestras, obviamente teóricas, tivemos algumas visitas a
alguns de seus laboratórios. Aprendemos bastante e ficamos
impressionados com eles, sua tecnologia, seus técnicos e sua
competência. E o quanto podem ajudar a melhorar nossos produtos. E, em
especial, competir no comércio exterior com melhores condições.
Sem nenhum interesse, mas como profissional de comércio exterior
querendo melhorá-lo a cada dia, a cada artigo, a cada aula, a cada
palestra, gostaríamos de sugerir um contato com o IPT. Ele pode fazer
muito pelo País e pelas nossas vendas internacionais. E, também pelos
produtos que consumimos internamente.
Para aqueles que acham que isso não é para seu produto, talvez
simples, não é verdade. Eles estão aí há mais de um século, ajudando a
quem desejar. Quanto ao preço, também verificamos que não é nada do
outro mundo. Pelo contrário, são preços bem acessáveis. Inclusive com
linha de financiamento aos interessados.
Assim como o IPT, deve haver muitas outras instâncias no País que
podem melhorar nossos produtos e nosso comércio exterior, e que
permanecem de desconhecimento geral, por alguma razão. O que sugerimos a
todos eles é aparecerem, se mostrarem, divulgarem o que têm e podem
fazer.
Talvez estejamos atrasados em relação a muitos países mais por culpa
de cada um de nós mesmos do que por aquilo que está disponível, porém
desconhecido.
Samir Keedi é professor da Aduaneiras e
de pós-graduação, economista e autor de vários livros em comércio
exterior, entre os quais "ABC do Comércio Exterior". samir@multieditoras.com.br
07/08/2014
Realmente, para haver maior competitividade e valorizacao do comercio exterior no Brasil, seria necessário prestar mais atenção nas malhas de transporte, mais gama de traslado dos produtos e maior participacao do IPT para conferir melhor qualidade e maior aceitação de mercadoria no âmbito nacional e internacional.
ResponderExcluirMarcio Melo 1º sem Comercio Exterior. Fatec Leste
O texto me lembra o comentário que a professora C. Bock fez em uma aula... o Brasil tem um produto nacional amado por quase 100% dos brasileiros, a coxinha, então como ela não é vendida para o exterior?.... O texto responde esta pergunta. O brasileiro produz diversas coisas que poderiam ser vendidas para o exterior. Infelizmente não sabem como fazer a exportação ou não percebem - não acreditam - o potencial de seus produtos.
ResponderExcluirNúbia Kalichak/ Fatec ZL/ 4° comex/ manhã/ sala 108
O Produto/Exportador tem receio de exportar seus produtos, por não achar ter capacidade de seu produto conquistar mercado internacional e não ter os conhecimentos de como exportar. Por isso os eventos de Comércio Exterior são importantes,porque eles auxiliam os Produtor/Exportador e os tornam confiantes sobre como exportar.
ResponderExcluirRaissa Boldrini - 4º Comex - Manhã - Fatec ZL
Mais uma vez o Professor Samir Keedi coloca muito bem a questão da falta de interesse de áreas "competentes"do governo , em relação ao comércio exterior.
ResponderExcluirE perguntamos: Até quando vamos nos gabar de não termos feito quase nada -como mostram os numeros de nosso comércio internacional.
É evidente o potencial brasileiro, porém, é preciso buscarmos as parcerias de pessoas sérias, dispostas a uma mudança e consequente melhoria.
by Fernando Agostinho /4ºComex Manhã (08/08/2014)
O governo na maior parte não esta realmente envolvido com o que deveria e acabam assim se mostrando visivelmente incapaz nos assuntos que com certeza seriam de grande importância ao nosso país e como sempre atrapalhando no sentido de não investir,desenvolver e adaptar ao mercado internacional, pois temos tudo para termos os melhores produtos para serem globalizados, temos um pais de climas e lugares favoráveis, porem não temos o apoio necessário de nosso governo.
ResponderExcluirRodrigo Pinheiro Camilo 1 comex tarde Fatec ZL
Brasil mostra a sua cara,..........................
ResponderExcluirÉ bem por aí,nosso páis ainda não aprendeu a andar,nosso comércio exterior não recebe a atenção que merece.
IPT(INSTITUTO DE PESQUISA TECNOLOGIA) auxilia o Comércio Exterior do Brasil,mas precisamos de mão de obra especializada,transporte,boas industrias também,precisamos crescer.
Rhodrigo Giovanni Livatino da Silva- 1ºCOMEX/TARDE/FATEC-ZL
Para que o produto brasileiro passe a ser competitivo, é preciso eliminar barreiras como: problemas na matriz de transporte e na logística, falta de mão de obra qualificada, baixa qualidade, entre outros. Nosso comércio exterior sofre muito da falta de investimento na área, algo que não deveria ser ignorado pois se fosse tratado com a atenção que merece, além de aumentar as nossas exportações, aumentaria a qualidade dos produtos que consumimos internamente.
ResponderExcluir15/08/14
Priscila Akemi Igarashi, 4o comex manhã, Fatec ZL