segunda-feira, 13 de outubro de 2014

Fraco desempenho na indústria zera aumento de rendimentos nos últimos 12 meses


Um mercado de trabalho com maior nível de rotatividade e com o emprego em desaceleração já compromete a renda dos trabalhadores do setor industrial. Os salários caíram, em média, 1,6% em agosto na comparação com o mesmo mês de 2013. O mais preocupante, porém, é que fraco desempenho zerou o aumento do rendimento nos últimos 12 meses, indicador de evolução de mais longo prazo que ainda se mantinha ligeiramente positivo. Era o último sinal de alento da indústria, no contexto de emprego e rendimento na atividade –a mais dinâmica do PIB e que vive uma crise iniciada no fim de 2013. O dado mostra que os empregados já não conseguem ganhos reais de salário frente a um quadro de queda da produção, confiança reduzida de empresários e fraco consumo de manufaturas (o que leva à demissões em muitos setores). A renda foi o último indicador a se abatido pela crise industrial em curso, dizem especialistas. Isso porque há uma competição por mão de obra qualificada, especialmente com o setor de serviços. Menos pessoas estão dispostas ao trabalho na indústria, em geral, mais duro e pesado. Ainda que a indústria pegue melhores salários, o aumento da renda familiar nos últimos anos permitiu um colchão especialmente aos mais jovens para que se mantenham mais tempo a estudar ou atuem em serviços e comércio –por vezes em meio período. Há ainda no debate econômico atual sobre o mercado de trabalho o componente demográfico. É que com a queda da natalidade nos últimos anos menos jovens entram no mercado de trabalho. Ou seja, a pirâmide se estreitou. Existem hoje menos pessoas entrando no mercado de trabalho. De julho para agosto, o valor da folha de pagamento real dos trabalhadores da indústria avançou 0,5%. O índice, porém, não recupera perda de 5,1% acumulada nos dois meses anteriores. No índice acumulado nos oito meses primeiros meses do ano, ainda resta uma variação positiva de apenas 0,4%. O ritmo de crescimento, porém, é abaixo do verificado no fechamento do primeiro semestre do ano (1,3%). Mantida a tendência de agosto –o que é possível já que a produção da indústria segue em queda frente a 2013–, especialistas não descartam que a renda feche 2013 no vermelho.
Folha de São Paulo
10/10/2014

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