Data da Notícia: 23/2/2015 | ||
ALTA DO DÓLAR APROXIMA CÂMBIO DA TAXA DE EQUILÍBRIO | ||
Apesar de encarecer
as importações e pressionar a inflação, a alta acumulada de 8,3% do dólar este
ano tem um efeito benéfico para a economia brasileira. Atualmente em R$ 2,87, o
câmbio comercial aproxima-se da taxa de equilíbrio, eliminando a
sobrevalorização do real na última década e abrindo a oportunidade para o país
exportar mais e diminuir o rombo nas contas externas.
Pela definição
econômica, a taxa de equilíbrio representa o câmbio neutro para exportadores,
importadores e produtores nacionais. O valor exato varia conforme as estimativas
dos economistas, mas a maioria das projeções situa o câmbio de equilíbrio entre
R$ 2,80 e R$ 3,20. "O câmbio competitivo é a taxa real que estimula a alocação
de recursos nos setores de maior produtividade e assegura o crescimento
econômico no longo prazo", explica o professor de economia André Nassif, da
Universidade Federal Fluminense.
O câmbio próximo do
equilíbrio estimula as exportações, principalmente de produtos industriais. "Nos
últimos anos, a indústria brasileira foi parcialmente dizimada. O dólar na taxa
de equilíbrio ajuda a recuperar a competitividade dos manufaturados", diz
Alexandre Espírito Santo, economista da consultoria Simplific Pavarini e
professor de macroeconomia do Ibmec. Com base no câmbio nos últimos 20 anos
corrigido pela inflação, ele estima a taxa de equilíbrio entre R$ 2,80 e R$
2,82.
Por meio de estudos
econométricos, Nassif estimou a taxa de equilíbrio em R$ 2,90. Ele, no entanto,
ressalta que corretoras estrangeiras projetaram recentemente a taxa entre R$ 3 e
R$ 3,20. Nassif destaca que o Banco Central, que no início do ano diminuiu pela
metade as vendas de dólares no mercado futuro, agora precisa trabalhar menos
para manter a moeda norte-americana próxima do nível de equilíbrio.
"Aparentemente, o Banco Central está deixando de segurar o câmbio e indicando
que o grau de intervenção será menor daqui para frente."
Em 2014, o Brasil
encerrou o ano com rombo de US$ 91 bilhões, 4,1% do Produto Interno Bruto (PIB)
nas contas externas - soma da balança comercial, de serviços, de renda e
transferências unilaterais. O indicador mede a vulnerabilidade da economia a
crises externas. Quanto maior o déficit nas contas externas, mais rápido o real
se desvaloriza em turbulências internacionais na economia. "Um rombo desse
tamanho explica a volatilidade do câmbio nos últimos anos", ressalta
Alexandre.
Apesar das
perspectivas de que o câmbio próximo da taxa de equilíbrio gere melhorias para a
economia brasileira, por meio do aumento das exportações e da diminuição do
déficit das contas externas, os benefícios só serão sentidos no médio prazo. Na
melhor das hipóteses, a partir de 2016. "Como o câmbio ainda está muito volátil,
os exportadores não estão seguros para fechar contratos. Somente depois que a
taxa se estabilizar, os agentes econômicos se sentirão mais à vontade", pondera
Alexandre.
Outro fator que
adiará os efeitos benéficos do câmbio equilibrado é a inflação. O dólar mais
alto não encarece apenas os produtos importados, mas os produtos nacionais que
usam matérias-primas importadas. Mesmo assim, André Nassif acredita que a
pressão do câmbio sobre a inflação deve ser mais suave que o esperado por causa
da política de ajuste fiscal e de aumento de juros posta em prática pelo
governo. "Para cada 10% de aumento do dólar, os preços das mercadorias de
setores oligopolizados [com poucas empresas produtoras e vendedoras] aumentam de
2% a 3%", calcula o professor.
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segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015
ALTA DO DÓLAR APROXIMA CÂMBIO DA TAXA DE EQUILÍBRIO
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