No momento que a demanda interna se retrai, a venda de máquinas agrícolas para o mercado externo surge como uma boa alternativa para aumentar a rentabilidade das empresas, tendo no dólar alto um incentivo a mais. Pelo menos é essa a opinião de Mirco Romagnoli, vice-presidente da Case IH para a América Latina, que vê a alta da moeda estrangeira como uma grande oportunidade de ampliar a competitividade do produto brasileiro também no exterior. "Abrimos as possibilidades de ter um produto brasileiro para exportação e, de fato, é o que está acontecendo. O câmbio forte dá flexibilidade para vender a outros países, como África e Cuba", afirma Romagnoli. O gerente comercial de exportação da companhia para a América Latina (exceto Brasil e Argentina), Pablo Berretti, explica que em anos anteriores era mais competitivo trazer tratores e colheitadeiras da Europa e dos Estados Unidos para vender em países vizinhos ao Brasil. Até 2014, os tratores nacionais não chegavam a 10% do atendimento à demanda dos países cobertos pelo executivo, agora este percentual tende a subir para até 40%. "Nas colheitadeiras, que tinham a proporção de 50% brasileiras e 50% norte-americanas, devem passar a 70% e 30%, respectivamente", completa ele. Na mesma linha, o diretor-presidente da Tatu Marchesan, João Marchesan, conta que a empresa focou na exportação que, em média, representava entre 20% e 25% do faturamento total. "Nesse momento mais ajustado, podemos aumentar essa participação em mais 10% ou 15% dependendo da situação do mercado", estima. A companhia, que vende para 64 países, tem se beneficiado muito do programa Mais Alimentos África, do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA). O presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Luiz Moan, anunciou na última semana que a Case IH fechou contrato e deve exportar tratores e colhedoras de cana-de-açúcar produzidos em Curitiba (PR) direto para Cuba, nos próximos meses. A empresa já vendia os equipamentos agrícolas para importadores daquele país, mas de forma indireta, por meio de uma trade localizada na Europa. Com o fim do embargo cubano, as operações serão diretas com auxílio do programa Mais Alimentos Internacional, também do MDA. "Isso mostra que nós, como indústria, estamos trabalhando para aumentar as exportações", comentou durante coletiva de imprensa. Moan ressaltou que a Anfavea tem feito um trabalho "bastante intenso" para aumentar as vendas externas para outros mercados, diante da crise na Argentina, principal destino das exportações brasileiras. Além das máquinas, a estratégia de intensificar as vendas no mercado internacional se estendeu a outras peças de reposição de tratores e colheitadeiras, como os pneus, por exemplo. O gerente de vendas da Titan Pneus (detentora da marca Goodyear Farm Tires - voltada para o segmento agrícola), Leandro Pavarin, lembra que o México era um dos países que adquiria o produto desta linha nos Estados Unidos e passou a demandas do Brasil. Além deste, Argentina, Peru, Bolívia e Paraguai são os principais compradores, visto que a exportação representa um quarto dos negócios da empresa, com tendência de crescimento. "Mesmo com a incerteza econômica, o aporte de R$ 16 milhões entre os anos de 2013 e 2016 na linha agrícola foram mantidos", argumentou o executivo. Na prática, apesar de todo o movimento para alavancar os embarques, os números ainda estão no campo negativo. Segundo o último levantamento da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), em valor, as exportações de máquinas agrícolas e rodoviárias totalizaram US$ 148,143 milhões em abril, queda de 7,3% na comparação com março e recuo de 50,3% ante igual mês do ano passado. Com o resultado, as vendas externas recuam 38,7% no acumulado do ano, segundo balanço divulgado pela entidade na última semana. Em volume, as vendas chegaram a 932 unidades, equivalente a diminuição de 5,8% na comparação com março e baixa de 20,1% ante o mesmo mês de 2014. No mercado doméstico, a comercialização no atacado atingiu 4.279 unidades em abril, queda de 11,5% no comparativo mensal e recuo de 29,4% em relação ao mesmo mês do ano passado. Com o resultado, as vendas acumulam retração de 22,9% em 2015 até o momento.
DCI
12/05/2015
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