quarta-feira, 13 de julho de 2016








Libra busca parceiro para viabilizar expansão em Santos

O grupo Libra está em busca de um parceiro para o negócio de terminais de contêiner no porto de Santos (SP), apurou o Valor. A instalação, que já foi a maior do segmento no cais santista, vive uma situação difícil, devido à acirrada concorrência de terminais dedicados ao nicho em Santos - em 2012 eram quatro, hoje são seis - e ao fraco desempenho do comércio exterior brasileiro. Da mesma forma que outros terminais em Santos, a Libra perdeu serviços de navegação. Recebe hoje apenas uma escala regular de navio por semana ante 11 em julho de 2012. Mas tem um problema adicional: precisa tirar do papel um robusto investimento de mais de R$ 750 milhões para duplicar sua instalação num momento em que o grupo - com negócios em outros setores como aeroportos e produção de azeite - está numa escalada de endividamento, sobretudo devido ao investimento no terminal do Rio, outro negócio do braço de operação portuária. Em 2014 o endividamento bruto do grupo chegou a R$ 1,3 bilhão ante R$ 884 milhões no exercício anterior e R$ 671 milhões em 2012. O balanço de 2015 ainda não foi divulgado. A alavancagem do grupo, medida pela relação entre dívida líquida e Ebitda, saiu de 1,07 vez em 2012 para 2,4 vezes em 2014, quando o grupo encerrou com receita líquida de R$ 1 bilhão, queda de 5% sobre 2013. O investimento no porto de Santos foi a contrapartida exigida pelo governo para renovar por mais 20 anos, até 2035, o arrendamento do terminal da empresa no cais. O contrato foi assinado em setembro de 2015. Sem o investimento, a empresa pode ter, no limite, a renovação suspensa. Procurado, o grupo Libra disse que não comenta rumores de mercado e não explicou como vai financiar o plano de expansão em Santos. Mas garantiu que "segue cumprindo" o cronograma estabelecido para a expansão - até setembro deste ano tem de concluir a elaboração do projeto executivo das obras. As principais intervenções deverão estar prontas até 2019, segundo o governo. Mas há obras que não dependem da empresa, como melhorias públicas e de outros arrendatários no porto. Sobre possíveis interessados, houve conversas recentes com operadores internacionais de terminais de contêineres e armadores - os donos de navios, clientes dos terminais. O mercado considera que o parceiro ideal para a Libra seria justamente um grande armador que garantisse atracações no terminal. "Mais importante que dinheiro é o volume de cargas. O que está fazendo a Libra sangrar é falta de volume", diz uma fonte a par do assunto. A movimentação da empresa em Santos vem caindo e recuou 15% de 2013 para 2014, para 340 mil Teus (unidade padrão de um contêiner de 20 pés). A troca da presidência do grupo em maio, quando José Balau assumiu no lugar de Marcelo Araújo, que renunciou ao posto, é vista pelo mercado como um aceno nesse sentido. Balau já trabalhou na Libra e, depois, na indústria da navegação. A empresa disse na ocasião que a mudança marca o início de um novo ciclo de negócios com foco no "core business" (principal negócio). Ocorre que os maiores armadores de longo curso que fazem o transporte marítimo do comércio exterior no Brasil - e concentram cerca de dois terços da carga de Santos - já têm solução de terminais no porto. A Maersk Line e a MSC  escalam no terminal da BTP, joint venture entre os operadores APM Terminals e  TIL, pertencentes aos mesmos grupos da Maersk e da MSC, respectivamente. E a Hamburg Süd, armador líder nos volumes de exportação e importação do Brasil, tem contrato até 2019 com o Tecon Santos, da Santos Brasil. Outros grandes armadores de contêineres estão invariavelmente presos em serviços realizados em consórcio com essas companhias. O investimento prevê a unificação dos três terminais da Libra no porto e a construção de um novo cais. O complexo elevará a capacidade anual de movimentação da Libra em Santos de 900 mil Teus para 1,8 milhão de Teus. Uma das interessadas em fazer a obra de modernização é a gigante chinesa CCCC, que recentemente desembarcou no país, apurou o Valor.
Valor Econômico
13/07/2016

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