sexta-feira, 11 de março de 2011

O martírio da carga tributária

Temos notado, ultimamente, que no Brasil não precisamos de governo. Já se tornou totalmente supérfluo. Já não servindo para coisa alguma. Sua única função é a arrecadação e gasto. E quem sabe a manutenção da ordem (sic). Com isso, apenas drenando recursos da sociedade. Recursos importantes para cada um de nós, pobres brasileiros. Que certamente fazem falta. E gastando da maneira mais inadequada possível.

Assim, deve ficar claro que hoje, no Brasil, ter ou não ter governo, não faz qualquer diferença. A não ser, claro, como dissemos, na arrecadação e gasto. Que são totalmente desconexos da realidade e do que o povo precisa. Estamos causando inveja à Bélgica.

Arrecadam recursos que deixam de ser aplicados em compra de bens. Tanto duráveis quanto não duráveis. Impedindo que a economia cresça adequadamente, através do aumento da produção e consumo. Assim, inibindo a roda da economia de girar.

E a imensa maioria dos brasileiros, está completamente desinformada sobre essa realidade. E ainda compra a idéia de que em 2009 tivemos uma crise mundial, e por culpa dela nossa economia ficou quase estagnada. Tendo tido ligeiro recuo, ou seja, crescimento negativo. Mas que, gloriosamente, em 2010 crescemos algo como cerca de 7,5%, mais do que os países desenvolvidos. E o brasileiro, sempre crente no que lhe dizem, em especial no que não contam a ele, fica feliz.

Mas, qualquer pessoa minimamente letrada no assunto derruba a farsa logo. Crescemos bastante, mas não por méritos. Mas por comparação com uma base baixa, que foi negativa no ano anterior. No frigir dos ovos, quanto crescemos nos dois anos? Média de uns 3,5%. E nem nos damos conta de que foi praticamente a média que crescemos nos últimos 30 anos. Que foi de uns 2,8 a 3,0%. Pobre Brasil. E que este ano já devemos ficar em apenas cerca de 4%. Pouco acima da média apenas.

A propósito de que o Brasil foi o último a entrar na crise e o primeiro a sair, também tem que ser contestado. Há vários países no mundo que nem sequer tiveram problemas, em especial os asiáticos. A China, por exemplo, apenas baixou seu crescimento da média recente de 11% para 9% ao ano. Que é a média de seu crescimento desde 1979. Pois é, viva as informações brasileiras.

É de se notar que, apesar da mais alta carga tributária do planeta, hoje na Mesosfera, já deixando longe a estratosfera, o brasileiro pouco ou quase nada recebe de retorno.

O brasileiro paga impostos exorbitantes e não tem educação. Tem que pagá-la. E nem todos tem esta possibilidade. Sem contar a péssima qualidade da educação no país. Deplorável. E descendo celeremente a rampa da insensatez. Aqui ninguém precisa saber nada para galgar as séries superiores. E nem conhecimentos suficientes para conseguir seu canudo na universidade. O resultado é fartamente conhecido nos exames da OAB, nas verificações em medicina, nas olimpíadas internacionais de estudantes, etc.

Não tem saúde. Precisa ter convênio particular para usufruir de algo melhor. Apesar do que se dedica à área. E a despeito dos vários anos da famigerada CPMF. E que, pelo andar da carruagem, ou da velocidade da luz, está sendo estudada para retornar. E ainda tivemos presidente dizendo, há pouco tempo, que nossa saúde é de primeiro mundo. Estamos ainda tentando entender o que será este primeiro mundo. Será aquele que surgiu há alguns milênios, no início da humanidade, como se a conhece hoje? O primeiro mundo que tivemos? (sic).

O brasileiro não tem segurança, tem que pagá-la particularmente. E, ainda assim, está sempre na fila para morrer. É uma bala perdida aqui. Uma chacina ali. Uma violência acolá. E todo tipo de barbaridade. E sem nem poder confiar na polícia, pelo que se tem visto cada vez mais. E já se fala novamente em desarmar os brasileiros. Que “São Bom Senso” nos ajude, novamente.

Mas, o pior de tudo é que isso é pouco diante dos atentados do governo. Perante suas balas perdidas. A truculência com que trata os brasileiros que lhe pagam. Nenhum dos nossos governantes quer ter a menor sensação de que é nosso empregado. Que somos seu chefe e patrão. E não ele nosso dono, como imagina.

E seria possível falar sobre quase tudo na vida brasileira. Nada de investimentos em infra-estrutura. Nenhum pensamento em como melhorar a vida do brasileiro. Nenhum estudo sobre fazer com que nossa energia elétrica, nossa internet, nosso combustível tenham qualidade e preços internacionais e cabíveis. Aliás, já temos que esquecer o preço e apenas pedir para ter energia o tempo todo, que a coisa está feia (sic). Os reclamos poderiam encher infinitas colunas como essa.

O gasto, a segunda perna do que o governo sabe fazer, aumentou desproporcionalmente nos últimos anos. E continua aumentando. Vide o que ocorreu na década passada e nesse janeiro/11. Piorando o que já era muito ruim. A economia “vai de vento em proa”. Contrariamente ao tradicional ditado de que vai tudo bem, aquele do “vai de vento em popa”. Pobre Brasil.

E com a maioria ainda vendo o país com óculos de lentes rosa. Está difícil perceber quanto esforço os últimos governos fizeram e têm feito para destruir o país. Deixar uma terra arrasada. Entregando a cada dia um país quase inviável para daqui a uma década. A menos que o país mude radicalmente. Passando a crescer desvairadamente por muitos e muitos anos. Mas apenas para camuflar as mazelas. Só que não temos condições para isso. Pobre Brasil.

Samir Keedi,
Economista, professor, autor de vários livros em comércio exterior, transporte e logística, membro da CCI-Paris na revisão do Incoterms 2010.
e-mail: samir@aduaneiras.com.br
10/03/2011

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