A destruição causada pelo maior terremoto da história do Japão deve atrasar em seis meses a recuperação econômica do país, segundo previsão do Nomura, o principal banco de investimentos do país. Ontem, o presidente norte-americano. Barak Obama ofereceu "todo apoio necessário" para a reconstrução do Japão. Já a preocupação com os acidentes nucleares causados pelo terremoto tem provocado ações protecionistas em diversos países e a União Europeia realiza reunião hoje para discutir a segurança da energia atômica.
Ontem, o governo japonês, depois de pedir à Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) o envio de uma equipa de especialistas após duas explosões na central nuclear de Fukushima, anunciou que irá estabelecer, em conjunto com a Tokyo Electric Power Co. (Tepco), uma força-tarefa para trocar informações em tempo real sobre o complexo nuclear do nordeste do Japão.
O banco Nomura, que previa uma retomada de crescimento japonês no segundo trimestre de 2011, estimou, ontem, que a recuperação só deve ocorrer no final do ano. Com a retração no PIB em 2010, o Japão perdeu o posto de segunda maior economia do mundo para a China. Ontem, primeiro dia de negociação na Bolsa de Tóquio após o terremoto de sexta-feira, o índice Nikkei fechou em queda de 6,18%. Com a produção interrompida, algumas das principais empresas do país se desvalorizaram na bolsa. É o caso da montadora Nissan, cujas ações caíram 9,5% após a suspensão de sua produção. Toshiba, Honda e Hitachi passam por problemas semelhantes.
Com a produção suspensa em diversas empresas, a demanda por energia caiu no Japão, o que, por sua vez, forçou a queda do preço do petróleo, que fechou cotado em cerca de US$ 99 o barril. Alguns analistas já apontaram que a tragédia japonesa pode causar uma redução de 1% no PIB do país. Para estimular a economia, o Banco Central do Japão anunciou no final de semana uma injeção de 15 trilhões de ienes (R$ 300 bilhões) no sistema bancário.
Além disso, o Ministério da Economia disse que o país está atento à cotação do iene, em tendência de alta. O fortalecimento da moeda tende a dificultar as exportações, prejudicando ainda mais a recuperação econômica.
O editor de Economia da BBC, Bill Peston, afirma que o maior risco para o Japão é provavelmente a negociação de sua dívida, que deve chegar neste ano a 228% em relação a seu PIB, segundo o FMI.
Os problemas que afetarão o Japão devem ter repercussões na Ásia nas próximas semanas, complicando mais o quadro econômico da região num momento em que os países já sofrem com os preços mais altos do petróleo e dos alimentos.
No geral, a Ásia ainda deve apresentar crescimento vigoroso este ano, com expansão de 7,5% a 8% do Produto Interno Bruto (PIB) excluindo o Japão. Mas os economistas já estão prevendo que o crescimento vai desacelerar em relação ao ano passado, quando o aumento do PIB regional superou 9% numa recuperação da crise financeira global, com os bancos centrais aumentando os juros e os consumidores começando a conter os gastos para combater a inflação mais alta.
O desastre no Japão adicionou mais uma série de incertezas ao quadro, pelo menos no curto prazo. O terremoto de sexta-feira dizimou infraestrutura vital em partes do Japão e pode deixar muitas indústrias sem fonte confiável de energia por semanas, colocando em risco cadeias de alguns dos maiores exportadores da Ásia. Produtoras de aço, papel e eletrônicos estão entre as empresas que seguiam fechadas ontem. "Portos estão fechados e entregas foram interrompidas, especialmente no setor elétrico - os contêineres estão parados nos portos", disse Fu Wing Hoong, presidente da Associação de Eletroeletrônicos da Malásia, que é um grande produtor de componentes eletrônicos incluindo alguns que dependem de partes feitas no Japão. Economistas disseram que a boa notícia é que os pesados gastos em projetos de reconstrução podem eventualmente ajudar a restaurar a economia do Japão, o que, por sua vez, pode resultar numa forte alta da demanda por alguns produtos asiáticos tais como madeira e outras commodities.
Ontem, o presidente dos EUA, Barack Obama, disse que ofereceu todo o tipo de assistência para que o Japão se recupere dos "múltiplos desastres" pelos quais está passando. Segundo Obama, os norte-americanos "estarão ao lado de seus aliados japoneses".
O presidente americano se disse comovido com as imagens de destruição causadas pelo terremoto de magnitude 8,9 na escala Richter que atingiu o país.
Fonte: Diário do Comércio e Indústria
15/03/2011
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