sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Após montanha-russa e atuação do BC, dólar fecha a R$ 1,895

SÃO PAULO – Um dia de volatilidade ímpar no mercado de câmbio. No mercado à vista, o preço chegou a subir mais de 5% e cair mais 1%, antes de fechar com alta de 1,60%, a R$ 1,895 na venda, maior cotação desde 1º de setembro de 2009.

A forte puxada na abertura dos negócios, quando o preço foi a R$ 1,963, chamou o Banco Central (BC) ao mercado. Em uma radical mudança de postura, a autoridade monetária vendeu dólar no mercado futuro pela primeira vez desde 26 de junho de 2009.

A oferta de moeda acalmou os ânimos e o real chegou a ser a única moeda em uma cesta com divisas emergentes e desenvolvidas a ganhar do dólar. No fim do dia, mesmo com a perda de valor, o real ainda ficou entre as moedas que menos perdeu para o dólar hoje.

Da mínima do ano, registrada em 26 de julho, a R$ 1,537, o preço da moeda americana já subiu 23,3%.

Na Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F), o dólar pronto subiu 2,35%, para R$ 1,894. O volume negociado no dia somou US$ 69 milhões, contra US$ 100 milhões no pregão anterior.

Também na BM&F, o dólar para outubro tinha alta de 1,38%, a R$ 1,905, antes do ajuste final, depois de subir a R$ 1,961 (+4,36%) e cair a R$ 1,845 (-1,81%).

Além da ação de fato, o BC também informou o mercado, via comunicado e entrevista de seu diretor de Política Monetária, Aldo Mendes, que vai seguir atuando “de modo a assegurar condições apropriadas de liquidez nos mercados de câmbio”.

Na oferta de hoje, o mercado tomou 55.075 contratos de swap, entre 112.290 ofertados. A operação movimentou US$ 2,7 bilhões.

Segundo operadores, não ocorreu uma oferta nova de fato, já que os vencimentos ofertados de swap cambial apenas zeram ou revertem vencimentos de swaps reversos (que equivalem à compra de dólar futuro) que já estavam no mercado.

Para parte dos investidores, a ação do BC e o aceno de que mais leilões podem ocorrer podem ser o gatilho para uma reversão desse forte movimento de alta no preço da moeda americana. Para esses agentes, essa puxada de alta continua sendo de caráter pontual.

Outra fatia de mercado vê o quadro de outra forma. O BC pode atuar, mas se o quadro externo continuar piorando, dólar a R$ 2,0 é algo bastante crível. Da mesma forma que se apostou no real, o mercado pode apostar fortemente no dólar. Ainda mais em um mercado assimétrico no qual a venda de dólar via derivativos paga tributos.

Independentemente da percepção, o que é fato é que todo esse desarranjo do câmbio provém do mercado futuro. E mais uma evidência disso foi que a atuação de hoje ocorreu via swap. Se o problema fosse fuga de dólares, a atuação viria por leilões no mercado à vista.

Há uma reversão de posições vendidas no mercado futuro, ou seja, quem estava apostando no real foi obrigado a mudar de mão. De certa forma, quando um movimento desses começa, boa parte dele acaba se auto alimentando, já que novas altas geram novas zeragens.

Fonte: Eduardo Campos | Valor
23/09/2011

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