terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Mover a infraestrutura e conter a inflação

Neste ano, os projetos voltados à infraestrutura logística do País envolvem grandes cifras. Para as rodovias e ferrovias, por exemplo, são calculados em R$ 133 bilhões. As obras são previstas para serem tocadas pela iniciativa privada, por meio de concessões. Mas, ao longo do ano passado, ficou claro que despertar o interesse do empresariado, receoso com o andamento da economia, contas públicas e excesso de intervencionismo do governo, não seria tarefa fácil. Os leilões dos aeroportos mostraram isso. Eles não agradaram o governo por não terem atraído empresa com experiência para operar grandes terminais movimentados. Já no início do ano o governo Dilma parece ter encontrado a fórmula para deixar os leilões mais atrativos aos investidores ao melhorar as condições de financiamento, reduzir as exigências e, principalmente, criar expectativas de retorno maior para os empresários. A taxa de retorno, inicialmente entre 5% e 6%, passou a ser projetada entre 10% e 14%. Para o investidor, dizem os especialistas, é importante que a taxa de retorno esteja acima da taxa básica de juros (Selic), hoje em 7,25%. "O governo precisou ceder, mas parece que encontrou uma luz para que os leilões aconteçam", diz o economista Roberto Macedo. Dentro deste escopo, o economista Manuel Enriquez Garcia, professor da USP e presidente do Conselho Regional de Economia (Corecon-SP), diz que o governo precisa acabar com a ideia de que é ruim que o empresário lucre. "A confiança dos investidores seria maior se o governo buscasse no setor privado pessoal capacitado para fazer a modelagem dos leilões, que entendesse que o lucro faz parte do negócio", diz Garcia. Se a intervenção do governo nos leilões parece ter iluminado o caminho para direcionar as obras de infraestrutura, o intervencionismo no campo monetário, mais recentemente para o controle da inflação, pode ofuscar o interesse dos investidores. Inflação – Esta velha conhecida começa a mostrar as caras em 2013. A inflação oficial, medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), avançou 0,86% em janeiro. Em 12 meses ela acumula 6,15%, próximo ao extremo da meta, de 6,5%. Conter sua escalada pode significar soltar a taxa básica de juros (Selic), hoje em 7,25%, o mais baixo patamar da história. Esse seria o caminho automático. Para o economista-chefe da ACSP, Marcel Solimeo, o controle da inflação deveria ser feito com a redução de gastos públicos, que é considerada uma medida mais eficiente no combate à alta dos preços do que medidas fiscais de aumento de juros e da carga tributária. "Mas este ajuste das contas públicas não deve acontecer em um ano em que o governo quer estimular os investimentos, então, a Selic deve aumentar a partir do segundo semestre", diz ele. Na visão do economista e professor Manuel Enriquez Garcia, o reflexo mais preocupante do possível aumento dos juros neste ano é o impacto no endividamento dos bancos públicos. "Estes bancos se endividaram junto ao tesouro para ofertar financiamento ao mercado. Se a Selic subir, terão de pagar as dívidas com os novos juros. Há o risco de solvência", diz Garcia. Entretanto, os ajustes na taxa de juros não devem ser tão grandes em 2013 segundo os economistas. Um dos motivos apontados pela consultora do Iedi é o fato de a inflação de custos ser mais preocupante do que a causada pela demanda. "Os valores das commodities, que aumentam o custo da matéria-prima, é que têm pressionado mais significativamente os preços", diz Cristina Reis, economista e consultora do Iedi. Fonte: Intelog.com.br Por: Diário do Comércio

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